O incêndio que atingiu a Blue Zone, pavilhão da COP30, em Belém (PA), começou quando ministros de todo o mundo participavam de negociações sobre temas como transição energética e financiamento climático, na véspera do encerramento do evento.
O negociador-chefe do Brasil, Mauricio Lyrio, disse à AFP que estava assinando um acordo com um país quando a evacuação começou. “Isto vai atrasar o processo” em “um momento crucial” de tomada de decisões, advertiu o delegado da Indonésia Windyo Laksono, do lado de fora do recinto.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse na TV que um curto-circuito ou um celular carregando podem ter causado o incêndio, que poderia ter acontecido “em qualquer lugar do mundo”, ressaltou. Corpo de Bombeiros de Belém fala na possibilidade de uma instalação de micro-ondas. IstoÉ tenta a confirmação de autoridades sobre possíveis causas que estão sendo apuradas.
Quase toda a estrutura da COP30 foi montada sob grandes tendas. A escolha de Belém para sediar a conferência impôs uma série de desafios logísticos ao governo do país.
A área afetada pelo incêndio permanecerá fechada nas próximas horas, informou a ONU, ressaltando que o fogo foi controlado e que os danos foram limitados. O incêndio levou à evacuação do local e atrasou as negociações entre ministros, na véspera do encerramento da reunião.
O incêndio
O fogo teve início na área de acesso restrito onde acontece a conferência climática da ONU, que foi palco de três incidentes em poucos dias.
As chamas abriram um buraco no teto, na área onde ficam os pavilhões de países e organizações, observou um jornalista da AFP.
A fumaça se espalhou dentro e fora do local, causando um movimento de pânico inicial. Minutos depois, a organização brasileira da COP30 informou que o incêndio havia sido controlado, sem deixar feridos.
“Um certo número de pacientes inalaram fumaça, precisaram de oxigênio e tiveram que ser transferidos para o hospital”, disse à AFP a paramédica Kimberly Humphrey, que participa do evento com a Doctors for the Environment Australia.
A ONU avisou às delegações que a área afetada permanecerá fechada pelo menos até as 20h, e ressaltou que o fogo havia sido controlado e que os danos eram limitados.
Antes da chegada dos bombeiros, equipes da segurança do Brasil e da ONU recorreram a extintores para tentar conter o fogo. Milhares de participantes da conferência aguardaram do lado de fora, sob uma leve chuva, que se misturava ao cheiro de plástico queimado.
Uma testemunha do incêndio disse à AFP que nenhum alarme foi acionado. Vários participantes da COP30 relataram que sistemas de fiação elétrica já haviam causado problemas nos últimos dias.
A AFP também havia observado infiltrações após fortes chuvas na cidade amazônica.
Queixa da ONU
Após uma crise causada pelos altos custos de hospedagem, a presidência brasileira da COP recebeu na semana passada uma queixa da ONU, depois que um grupo indígena forçou o dispositivo de segurança durante um protesto.
Dias depois, outro grupo indígena conseguiu se reunir com autoridades brasileiras, após bloquear o acesso ao centro de negociações.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se hoje confiante na possibilidade de um compromisso para responder às necessidades de adaptação às mudanças climáticas dos países em desenvolvimento.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a incluir ontem na agenda a questão sensível do abandono dos combustíveis fósseis. Lula promove um “mapa do caminho” para alcançar esse objetivo que permita a cada país avançar em seu próprio ritmo.
Segundo um negociador, que preferiu não ser identificado, China, Índia, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia se opuseram hoje a essa alternativa, durante as consultas.
*Com APF