Um incêndio que devasta um complexo residencial em Hong Kong já deixou 44 mortos e centenas de desaparecidos, informaram autoridades nesta quinta-feira (27). A polícia informou ter detido três suspeitos.
O pior sinistro das últimas décadas na cidade, densamente povoada, teve início na véspera, durante a tarde. As chamas começaram em andaimes de bambu erguidos ao redor de várias torres do complexo Wang Fuk Court, em Tai Po, distrito na zona norte do centro financeiro chinês.
Autoridades prenderam três homens suspeitos de homicídio culposo, informou a polícia, sem dar detalhes. Bombeiros indicaram na manhã desta quinta-feira que 44 pessoas haviam morrido e que centenas estavam desaparecidas. O balanço anterior era de 36 mortos e 279 desaparecidos.
Uma das vítimas foi um bombeiro de 37 anos encontrado com queimaduras no rosto e declarado morto após ser levado para o hospital.
Um agente de polícia em um abrigo temporário explicou à AFP que não está claro quantas pessoas estão desaparecidas, já que ainda continuam chegando moradores para relatar familiares desaparecidos.
Derek Armstrong Chan, subdiretor de operações do serviço de bombeiros, afirmou que “a temperatura no local é muito alta”. “Há alguns andares nos quais não conseguimos alcançar as pessoas que pedem ajuda, mas continuamos tentando”, disse o funcionário, segundo o qual o fogo provavelmente se propagou de um edifício para o outro devido ao vento e a destroços que voaram. Ele ressaltou que as autoridades ainda investigam a causa.
Um jornalista da AFP ouviu fortes rangidos, possivelmente do bambu queimando, e viu espessas colunas de fumaça erguendo-se em ao menos cinco dos oito prédios do complexo.
Agentes no local afirmaram, sob condição de anonimato, não poder confirmar se ainda havia pessoas presas ao cair da noite, explicando que “os bombeiros não podem entrar”.
Um morador do conjunto identificado como Yuen, de 65 anos, explicou que mora há quatro décadas nesta residência e que muitos de seus vizinhos são idosos com problemas de mobilidade.
“As janelas estavam fechadas para manutenção, [algumas pessoas] não sabiam que havia um incêndio e seus vizinhos lhes informaram por telefone que evacuassem”, relatou Yuen à AFP.
O desastre foi classificado como de categoria cinco, o nível mais alto de alerta, que determina a mobilização de equipes de emergência.
– Pessoas presas –
“Não há nada que se possa fazer pela propriedade. Preocupa-nos que haja pessoas presas dentro”, declarou um morador de sobrenome So, 57 anos.
O presidente chinês, Xi Jinping, expressou condolências às famílias das vítimas e “pediu que se faça todo o possível para extinguir o incêndio e minimizar as vítimas e perdas”, informou a emissora estatal CCTV.
Segundo o jornal South China Morning Post, a polícia começou a evacuar dois prédios em um complexo residencial próximo.
Autoridades habilitaram uma linha telefônica de emergência e abriram dois abrigos temporários em centros comunitários para os moradores evacuados. Também foram fechados trechos de uma rodovia próxima devido aos trabalhos de extinção do incêndio.
“Aconselha-se aos moradores dos arredores permanecer no interior, fechar portas e janelas e manter a calma”, ressaltou o Departamento de Serviços de Bombeiros. “Também se aconselha ao público evitar ir à zona afetada pelo incêndio”, acrescentou.
A Associação pelos Direitos das Vítimas de Acidentes Industriais expressou sua “profunda preocupação” com os incêndios relacionados com andaimes, mencionando incidentes similares em abril, maio e outubro.
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