Um incêndio que devastou um imenso complexo residencial em Hong Kong causou pelo menos 36 mortes e deixou mais de 200 pessoas desaparecidas nesta quarta-feira (26), após o pior desastre registrado em várias décadas na cidade.
O incêndio começou na tarde de quarta-feira e continua ardendo na madrugada de quinta-feira (hora local) nesta metrópole densamente povoada.
As chamas começaram nos andaimes de bambu que haviam sido erguidos ao redor de várias das torres do complexo Wang Fuk Court, em Tai Po, um distrito na zona norte do centro financeiro chinês, que estava em reparação.
“O fogo causou a morte de 36 pessoas e há 279 desaparecidos”, declarou o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, em uma coletiva de imprensa na madrugada.
Além disso, ele informou que 29 pessoas continuam hospitalizadas e que sete permanecem em estado crítico.
Um dos falecidos é um bombeiro de 37 anos que foi encontrado com queimaduras no rosto e declarado morto após ser levado de urgência ao hospital.
Um agente de polícia em um abrigo temporário explicou à AFP que não está claro quantas pessoas estão desaparecidas, já que ainda continuam chegando moradores para relatar familiares desaparecidos.
Derek Armstrong Chan, subdiretor de operações do serviço de bombeiros, afirmou que “a temperatura no local é muito alta”.
“Há alguns andares nos quais não conseguimos alcançar as pessoas que pedem ajuda, mas continuamos tentando”, disse o funcionário, que afirmou que o fogo provavelmente se propagou de um edifício para outro devido ao vento e aos destroços arrastados pelo vento, embora tenha acrescentado que as autoridades ainda estão investigando a causa.
Um jornalista da AFP ouviu fortes rangidos, possivelmente do bambu queimando, e viu espessas colunas de fumaça erguendo-se em ao menos cinco dos oito prédios do complexo.
Agentes no local afirmaram, sob condição de anonimato, não poder confirmar se ainda havia pessoas presas ao cair da noite, explicando que “os bombeiros não podem entrar”.
Um morador do conjunto identificado como Yuen, de 65 anos, explicou que mora há quatro décadas nesta residência e que muitos de seus vizinhos são idosos com problemas de mobilidade.
“As janelas estavam fechadas para manutenção, (algumas pessoas) não sabiam que havia um incêndio e seus vizinhos lhes informaram por telefone que evacuassem”, relatou Yuen à AFP.
O desastre foi classificado como de categoria cinco, o nível mais alto de alerta, que determina a mobilização de equipes de emergência.
– Pessoas presas –
“Não há nada que se possa fazer pela propriedade. Preocupa-nos que haja pessoas presas dentro”, declarou um morador de sobrenome So, de 57 anos.
O presidente chinês, Xi Jinping, expressou suas condolências às famílias das vítimas, reportaram meios de comunicação estatais.
Jinping “expressou suas condolências às famílias das vítimas e aos afetados pela catástrofe, e pediu que se faça tudo o possível para extinguir o incêndio e minimizar as vítimas e as perdas”, informou a emissora estatal CCTV.
O jornal South China Morning Post noticiou que a polícia tinha começado a evacuar dois prédios em outro complexo residencial próximo.
“O fogo não está controlado e não me atrevo a ir embora. Não sei o que posso fazer”, comentou um morador na faixa dos 40 anos.
As autoridades habilitaram uma linha de telefone de emergência e abriram dois abrigos temporários em centros comunitários para os moradores evacuados. Também foram fechados trechos de uma rodovia próxima devido aos trabalhos de extinção do incêndio.
“Aconselha-se aos moradores dos arredores permanecer no interior, fechar portas e janelas e manter a calma”, ressaltou o Departamento dos Serviços dos Bombeiros.
“Também se aconselha ao público evitar ir à zona afetada pelo incêndio”, acrescentou.
A Associação pelos Direitos das Vítimas de Acidentes Industriais expressou sua “profunda preocupação” com os incêndios relacionados com andaimes, mencionando incidentes similares em abril, maio e outubro.