As negociações da COP30 (Conferência do Clima das Nações Unidas) foram interrompidas após um incêndio de grandes proporções atingir um dos pavilhões da Blue Zone nesta quinta-feira, 20, em Belém (PA).
A secretária de Cultura do governo paraense, Ursula Vidal Santiago, informou que as atividades da COP30 “foram suspensas”, cabendo às “autoridades da ONU” determinar se serão retomadas ainda nesta quinta-feira ou somente amanhã.
Ela não soube responder se o incêndio poderá obrigar a estender as atividades para sábado (22) e domingo (23).
“O que estamos fazendo é isolar, é uma situação de emergência. A imagem impressiona, mas não aconteceu nada, foi muito rápido, e ninguém se machucou. Isso é o principal”, acrescentou Santiago.
Já a Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) avisou às delegações que a reabertura do espaço onde acontecem as negociações não acontecerá antes das 20h.
O incêndio atrasou as negociações em Belém, na véspera do encerramento formal do encontro.
Em meio a um grande contingente de bombeiros e equipes de segurança, o fogo obrigou a evacuar as pessoas que circulavam pelos pavilhões, levando à suspensão das atividades.
A evacuação provocou momentos de pânico e empurra-empurra entre os presentes, incluindo a saída às pressas de supostos negociadores.
Segundo com imagens divulgadas pela GloboNews e pela CNN Brasil, o incêndio atingiu lonas e instalações da East African Community. As labaredas e a fumaça puderam ser vistas à distância, conforme relatos de moradores de Belém nas redes sociais.
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“Pessoas estão mobilizadas”, diz secretário-executivo do MMA
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, disse que o incêndio que atingiu o pavilhão dos países da COP30, em Belém (PA), não deve prejudicar as negociações das delegações.
“Eu acredito que não vai ter impacto, as pessoas estão todas muito mobilizadas, há uma expectativa de aprovação de um documento bastante consistente e nossa expectativa é que as delegações continuem atuando firmemente”, disse o secretário, em entrevista à GloboNews.
Capobianco lembrou que a COP30 vai até a noite de sexta-feira, 21, mas pode ser prolongada se for necessário para avançar nas negociações. Ele lembrou, ainda, que grande parte das tratativas ocorre fora das salas, e disse que a expectativa é de volta ao normal “rapidamente.”
Repercussão internacional
A repercussão internacional do incêndio em um dos pavilhões da COP30, em Belém, foi imediata e ampla, com forte presença de fotos, vídeos e relatos em tempo real publicados por veículos estrangeiros.
A Associated Press destacou que o fogo interrompeu as negociações “nos dias finais críticos” e ressaltou que todo o complexo foi esvaziado para inspeções de segurança.
A BBC, com fotos e vídeos próprios, relatou ter visto “chamas e fumaça” no pavilhão antes de ser desocupado. O veículo descreveu caos do lado de fora – delegações abrigadas sob um posto de gasolina, pessoas sentadas no chão sob calor intenso – e registrou que o incêndio teria começado por possível falha elétrica, segundo um testemunho ouvido pela emissora.
O New York Times, também com foto e vídeo, descreveu pânico e correria quando “um grande buraco” abriu no teto de lona do centro de convenções. O jornal contextualizou o episódio com críticas já existentes à infraestrutura da COP30, citando goteiras, ar-condicionado insuficiente e queixas de segurança.
A Reuters informou que o fogo estava sob controle, mas que não havia clareza se as negociações seriam retomadas no mesmo dia. O texto descreveu a sirene que fez delegados correrem para fora e citou imagens de TV que mostravam fumaça e chamas no interior da estrutura.
A AFP descreveu delegados gritando “fogo!” e tentando apagar as chamas com extintores, enquanto fumaça tomava corredores.
O Politico, munido de fotos, relatou cenas de desespero e trouxe depoimentos de autoridades – como o enviado climático da Itália – descrevendo a rapidez com que o fogo se espalhou pelo corredor do pavilhão.
O Guardian, em cobertura ao vivo com vídeos postados online, relatou alarmes interrompendo debates e mostrou fumaça subindo pelas estruturas temporárias.
A agência chinesa Xinhua classificou o incêndio como “urgente” e informou brevemente sobre a evacuação ordenada pelos bombeiros.
Bloomberg, Washington Post e The Telegraph reforçaram que o fogo ocorreu no momento mais delicado das negociações, com o Telegraph descrevendo “caos” e vídeos de delegados fugindo enquanto chamas atingiam estandes próximos ao pavilhão chinês.
Como foi o incêndio
As chamas começaram por volta das 14h atingiram a Blue Zone (ou Zona Azul), área chamada de Pavilhão dos Países, e foram controladas antes das 14h30. A energia elétrica também foi cortada na área interna do pavilhão. Por meio de nota enviada à IstoÉ, a organização COP30 ressaltou que as equipes de bombeiros e segurança atuaram prontamente e seguem monitorando o local.
Membros da conferência não conseguiram controlar o incêndio com os extintores e precisaram acionar o Corpo de Bombeiros, que chegaram ao local por volta das 14h15.
De acordo com o ministro do turismo, Celso Sabino, informações preliminares indicam que o fogo começou na área do estande da China. Ainda afirmou que as lonas do pavilhão são antichamas, algo que impediu a propagação do incêndio.
“Em breve vamos saber se os trabalhos recomeçarão aqui na Blue Zone ainda hoje ou a partir de amanhã”, emendou.
Por precaução, todas as áreas do evento foram evacuadas, incluindo a presidência e as salas de conferência.
Em uma publicação no X, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que o incêndio foi controlado devido ao trabalho ágil do Corpo de Bombeiros. Além disso, a brigada do evento foi acionada e é “responsável pela gestão do espaço durante a conferência”.

Incêndio em pavilhão da COP30
Na semana passada, a ONU (Organização das Nações Unidas) chegou a enviar para o governo federal uma carta com duras críticas em relação à segurança e infraestrutura do evento. A reclamação foi feita após uma tentativa de invasão da área azul, onde ocorrem as negociações climáticas, por manifestantes indígenas.
*Com informações de Estadão Conteúdo, Ansa e AFP