Um incêndio atingiu na manhã desta terça-feira, 27, o Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio e fez duas vítimas fatais até o momento. Por volta das 13h, um porta-voz do hospital confirmou a morte de uma mulher de 42 anos que, segundo ele, estava em estado grave com Covid e morreu durante o processo de evacuação. A morte ocorreu na ambulância a caminho do hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. Uma mulher de 83 anos, também com Covid, acabou morrendo também.

O fogo começou no prédio 1 da unidade, no qual se localizam as enfermarias e o CTI. Os Bombeiros foram acionados por volta das 9h50 e estão no local com equipes de 12 quartéis diferentes.

Segundo os Bombeiros, os pacientes foram retirados do local e levados ao prédio 2 e a outras unidades de Saúde. A maior parte foi para o próprio hospital, enquanto outros tiveram que ser transferidos com o auxílio do Samu. 162 pacientes no total saíram do prédio 1, sendo 46 removidos pra outras unidades. Havia oito vítimas de covid – que se deslocaram para o Leblon, na zona sul, e Acari, na zona norte. Entre eles, estava a paciente que morreu.

Segundo o porta-voz dos Bombeiros, coronel Lauro Botto, há indícios de que o incêndio tenha começado num almoxarifado no subsolo do prédio, onde havia um estoque de fraldas. Isso, contudo, só será confirmado com mais apurações.

O secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, afirmou que o hospital funcionava de modo inadequado. Havia duas notificações e dois autos de infrações no Corpo de Bombeiros que versavam sobre as más condições da unidade. “É muito difícil, quase impossível, interditar um hospital com quase 600 leitos”, disse.

O governador em exercício do Estado, Cláudio Castro (PSC), afirmou nesta terça-feira, 27, que uma vez controlado o fogo, o próximo passo é investigar as causas. “O que me chegou (até agora) é que foram todos socorridos e que também conseguimos salvar equipamentos”, disse em conversa com jornalistas na saída do Palácio do Planalto, em Brasília. “O próximo passo então é a Polícia Civil, que já está no local, entrar para fazer toda a questão de perícia para aí começar a investigação e passar para o Ministério Público entender se foi uma causa acidental ou uma causa criminosa.”

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O Hospital de Bonsucesso é considerado o principal dos seis federais do Rio. No início da pandemia, chegou a receber a visita do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A unidade fica em posição estratégica, na Avenida Brasil, o que facilita o atendimento a pacientes de outros municípios, como os da Baixada Fluminense.

Referência em serviços de média e alta complexidade, faz cerca de 15 mil consultas ambulatoriais todo mês, além de 1.300 internações, 1.200 atendimentos de emergência, 120 mil exames laboratoriais e 5 mil exames de imagem.

O Estadão procurou o Ministério da Saúde e a Defensoria Pública da União para falar sobre o incêndio. Em nota, o ministério afirmou que “lamenta profundamente a perda de uma paciente durante a transferência” e diz que “acompanha o trabalho das equipes de resgate para garantir a segurança dos pacientes e profissionais que estavam presentes no local.”

A professora Rosália Pires, de 42 anos, esperava havia três meses por um exame de mamografia. Quando chegou à unidade, se deparou com o incêndio. “Já fomos informados de que o hospital não vai funcionar hoje. Agora é mais uma espera”, disse.

A paciente Ana Diniz, de 22 anos, estava na maternidade com o filho de quatro dias e precisou sair do hospital. A sensação, diz, foi de desespero. “A gente estava lá ouvindo os boatos, até que avisaram para nós. Muita correria”, afirmou ela, que temeu pela vida da criança. (Colaborou Emilly Behnke)


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