12/12/2024 - 10:10
“Meu pai é filósofo, minha mãe é assistente social, e eu sempre cresci nessa referência do pensamento em relação ao outro, com as referências de arte e cultura como bases fundamentais na educação”, conta Talita Miranda, filha do sociólogo e gestor cultural Danilo Santos de Miranda, que faleceu em 2023.
Na última semana, ela e familiares do escritor inauguraram o “Instituto Danilo Santos de Miranda”, iniciativa criada para preservar a memória e o legado de um dos maiores nomes da cultura brasileira, que ficou à frente do Sesc São Paulo por 40 anos. Por meio de um acervo digital, o projeto conta com produções do gestor cultural em forma de documentos, vídeos, entrevistas e discursos.
Em entrevista ao site IstoÉ Gente, Talita Miranda, 50, contou um pouco sobre a motivação para a criação do projeto, realizado em parceria com familiares e amigos.
Construção do instituto
Talita, licenciada em Artes, já trabalhou na direção e curadoria de projetos culturais e se considera “filha do SESC” e afirma que a decisão de continuar o legado do pai aconteceu de forma natural. “Perpetuar as premissas dele, as grandes prerrogativas do trabalho dele, nunca era algo consciente para mim antes.”
“Assim que aconteceu o falecimento dele, a gente recebeu mensagens e gestos de muito carinho, dentro e fora do Brasil. Um grande reconhecimento no trabalho dele, que internamente a gente, como família, já o entendia, mas isso ampliou, num certo sentido, de entender essa semente. Ele é um grande alicerce dessa voz cultural.”
O projeto foi inicialmente esboçado por Talita, sua mãe e esposa de Danilo, Cleo Miranda e a irmã, Camilla. A diretora-geral do instituto conta que para ela, seu pai tinha o hábito de olhar e sempre trabalhar para o bem-estar do próximo.
As iniciativas de Danilo em fazer a arte ir além do cálculo financeiro e formar um compromisso do Estado levou a família a perceber o “quanto a cultura é uma base que vem na frente”. O instituto tem o objetivo de mostrar como fazer o ser humano crescer através da arte e da cultura está atrelado à educação.
“A gente segue essa semente tão rica e tão poderosa que ele deixou para a sociedade. São ideias e pensamentos que podem ser empregados em políticas, fazeres, ações e iniciativas.”
Estrutura do projeto
Com o apoio de grandes nomes do mundo artístico, como Fabiano e Caio Gullane, Caetano Vilela, o instituto também já traçou os próximos passos. “Eventualmente tudo o que a gente quer é ter uma sede e poder a biblioteca do meu pai, um lugar expositivo, além de parcerias com teatros ou outros espaços.”
A plataforma digital do instituto vai contar com: curadoria anuais para financiamento de projetos socioculturais, e a realização de seminários e cursos com foco em direitos humanos, cidadania e sustentabilidade, por meio de doações através da Lei Rouanet – que destina recursos governamentais para empresas e pessoas físicas no setor cultural.
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