Sou absolutamente contrário a greves. E não se trata de negar o direito à melhorias e ganhos trabalhistas, pois sou extremamente solidário a quaisquer justas reivindicações. Porém, não consigo admitir a possibilidade de adultos não saberem acordar propósitos e objetivos.

Além disso, serviços essenciais não permitem paralisações. Milhões de pessoas não podem ficar à mercê de corporativismo e/ou proselitismo político. Muito menos disputa eleitoral antecipada, motivos que hoje transformam São Paulo em um verdadeiro inferno sobre a Terra.

Metroviários e funcionários da Sabesp entraram em greve. Por melhores salários ou melhores condições de trabalho? Que nada! Porque são contrários à discussão sobre a privatização das empresas em que trabalham. E danem-se os afetados, afinal, o mundo é deles.

Há, também, é claro, interesses eleitoreiros. Liderados pelo PSOL, eterna franja petista, os sindicatos buscam antecipar a disputa municipal de 2024 e até mesmo as eleições presidenciais de… 2026! Meus Deus, que gente mesquinha. Investem-se de poderes indevidos e ilegais.

Trazer o caos à capital paulista significa dar palanque ao deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que pretende concorrer ao executivo paulistano, ao mesmo tempo em que atira-se aos leões o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial pré-candidato ao Planalto e, portanto, rival político do PT.

Enquanto a política (suja) entra em campo, milhões de pessoas são prejudicadas e perdem trabalho, aula, consulta médica, viagem e até mesmo sofrem consequências gravíssimas – morte, inclusive – pelos transtornos causados pela paralisação de serviços essenciais. Ou transporte e água não são mais essenciais?

No caso da Sabesp, a Justiça do Trabalho determinou a ilegalidade da greve e o imediato retorno ao trabalho de ao menos 85% do efetivo, mas simplesmente ouviu o sindicato dizer: “não irei cumprir (a decisão)”. Imagine eu ou você, leitor amigo, descumprindo uma decisão judicial? Era cadeia na hora! Mas somos meros mortais.

Fico pensando em um destes líderes sindicais, por exemplo, perdendo um ente querido em uma greve, sei lá, de servidores da Saúde, ou sendo vítima de violência pela falta de policiais em uma greve de agentes de Segurança, ambos serviços essenciais. Como iriam reagir os valentes? Diriam que a greve é legítima?

A irresponsabilidade e o egoísmo dessa gente beiram o crime. Pior ainda é saber que nem sequer respeitam a Justiça. O Brasil vive eternamente de joelhos, entregue à corporações de toda a sorte (políticas, empresariais, sindicais etc.). Banânia é o paraíso do caos. Só não é o purgatório da beleza, como na canção. Aliás, nem o Rio. Haja saco para aguentar.