O impeachment para Bolsonaro é pouco. Sua ação criminosa e irresponsável com a saúde de milhões de brasileiros deveria levá-lo às barras dos tribunais e a punições mais severas. Ora, quando o Brasil atingiu 100 mil mortes por Covid, em agosto do ano passado, e o presidente desdenhava da gravidade da doença, o ministro do STF, Gilmar Mendes, chegou a afirmar que ele desenvolvia uma política sanitária genocida, passível de ser julgado na Corte Internacional de Haia, onde criminosos contra a humanidade foram sentenciados no passado.

O fato é que agora, quando nos aproximamos dos 215 mil óbitos e as pessoas morrem sufocadas por falta de oxigênio, a situação tomou proporções alarmantes, que chocam o mundo e levam a sociedade a exigir providências enérgicas. A OAB, respeitados juristas e diversos partidos políticos já classificam a ação do mandatário como enquadrada em crimes de responsabilidade previstos na Constituição.

Afinal, a Carta Magna estabelece que o presidente tem a obrigação de zelar pela saúde da população e não empurrá-la para a morte como ele e seu ministro falastrão estão fazendo. A dupla afirma que nada poder fazer para resolver o caos sanitário, ao mesmo tempo em que receita cloroquina e vermífugos aos moribundos, por mais que a comunidade científica já tenha atestado que esses remédios são ineficazes contra o vírus. Isso é mais do que charlatanismo: é crime hediondo.

O impeachment para Bolsonaro é pouco. Sua ação criminosa e irresponsável com a saúde de milhões de pessoas deveria levá-lo a punições mais severas

Por toda essa inação e incompetência, o afastamento do ex-capitão do cargo deveria ser urgente. O Congresso, porém, mostra-se de joelhos diante de um presidente insensato e insensível, que mantém uma aparente maioria no Congresso à base de cargos e dinheiro público das emendas parlamentares. Foi assim nos últimos dois anos, período em que a Câmara fez vistas grossas a mais de 50 pedidos de impeachment, embora motivos para apeá-lo do poder não faltassem.

Parece claro que só a pressão popular poderá mudar esse quadro. Afinal, a sociedade vem dando mostras de estar cansada de um governo incompetente e obscurantista. É bem verdade que os panelaços já começaram, mas as multidões ainda não podem tomar as ruas por conta da pandemia. É de se esperar, contudo, que após o início da vacinação contra o coronavírus, o Brasil possa finalmente se imunizar também contra o populismo barato que tanto mal faz ao País. Dilma, com suas pedaladas, e Collor, com sua gestão corrupta, foram pequenos estelionatários diante da ação nefasta do bolsonarismo.