04/11/2016 - 18:00
O mundo se surpreendeu quando a abertura das urnas no Reino Unido revelou que os britânicos decidiram sair da União Europeia (UE), há quatro meses. Na véspera do plebiscito, as pesquisas mostravam uma população dividida, mas pouca gente acreditava que os indecisos migrariam de última hora para o voto pró-ruptura. O resultado colocou sobre Londres a sombra da xenofobia e de uma grave crise política, que culminou na renúncia do então primeiro-ministro, David Cameron. Ao assumir o cargo, a nova premiê, Theresa May, disse que daria início ao chamado “Brexit” até o fim de março de 2017. Mas, na quinta-feira 3, uma decisão do Tribunal Superior do Reino Unido ameaçou esse plano ao condicionar a saída do bloco europeu à autorização do Parlamento. “A mais fundamental regra da Constituição britânica é que o Parlamento é soberano”, disse o Lord John Thomas, que liderou a sessão.
NOVAS ELEIÇÕES?
O governo anunciou que recorreria da sentença, mas as chances de revertê-la são pequenas, segundo o jornal The Guardian. Com os parlamentares analisando o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que permite um período de dois anos para uma saída negociada da UE, o prazo determinado por May já foi descartado. Embora seja improvável que o Palácio de Westminster contrarie a decisão dos eleitores – por mais que, após o resultado do “Brexit”, alguns tenham se mostrado arrependidos –, há a possibilidade de um projeto de lei chegar a novos termos em relação a essa ruptura. Fato é que, na semana passada, os juizes do Tribunal Superior reduziram parte significativa do poder que estava nas mãos da primeira-ministra e ela agora terá que barganhar apoio do legislativo. Isso fez com que muitos analistas passassem a especular sobre a antecipação das eleições gerais marcadas para 2020.
Desafiada pela Justiça, a primeira-ministra Theresa May
perdeu poder e terá agora que barganhar o apoio de deputados
Fotos: Leon Neal/Getty Images; Justin Tallis/AFP
