Imparcialidade de um júri no julgamento da morte de Floyd é questionada

Imparcialidade de um júri no julgamento da morte de Floyd é questionada

A imparcialidade de um jurado que condenou o ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd foi questionada após o surgimento de uma foto em que o homem aparece em um comício contra o racismo.

Especialistas acreditam que o advogado de defesa de Chauvin poderia usar a foto do jurado Brandon Mitchell como base para apelar do veredito contra o ex-agente, declarado culpado pela morte do afro-americano Floyd. A anulação do julgamento, porém, é improvável.

Na foto, Mitchell, um negro de 31 anos, usa uma camiseta com a imagem do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr junto com a frase “Tire seu joelho de cima de nossos pescoços” e a sigla “BLM”, do movimento Black Lives Matter.

Chauvin, filmado ajoelhado no pescoço de Floyd por mais de nove minutos, foi condenado por assassinato e homicídio no mês passado por um júri de 12 membros.

Mitchell é um dos dois únicos membros do júri que foram publicamente identificados desde o julgamento de alto perfil.

Em um questionário, os jurados em potencial tiveram que responder se haviam participado de algum dos protestos contra a brutalidade policial que seguiram a morte de Floyd em 25 de maio de 2020.

Mitchell respondeu que não e que poderia servir no júri com imparcialidade. Em declarações ao jornal Minneapolis Star Tribune, Mitchell afirmou que a foto foi tirada em uma passeata em que ele compareceu em Washington em agosto de 2020 para homenagear o aniversário do famoso discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King.

Jeffrey Frederick, um especialista em seleção do júri, argumentou que a resposta de Mitchell pode ser “tecnicamente correta”, já que o evento em Washington foi anunciado como uma celebração, e não uma manifestação.

“Agora, cabe ao juiz interrogá-lo novamente para ver se ele teve algum preconceito ou se ele mentiu, e decidir se é sério o suficiente para afetar o resultado do julgamento”, explicou Frederick à AFP. O especialista, porém, considerou improvável a realização de um novo julgamento.

Steve Tuller, outro especialista em seleção de júri, concorda: “Os juízes não querem anular julgamentos, especialmente em um caso em que houve um veredito e dadas as circunstâncias especiais deste caso”.

“No final, acho difícil que a ‘revelação’ do júri possa mudar o veredito”, completou.

Chauvin será sentenciado em 25 de junho e pode pegar até 40 anos de prisão pela acusação mais grave: homicídio em segundo grau.