04/12/2024 - 10:45
Com a reabertura da Catedral de Notre Dame, neste fim de semana, os católicos franceses estão declarando abertamente seu “alívio” e sua “impaciência” em pisar novamente na igreja, um dos grandes símbolos do cristianismo.
“É uma maravilha”, um “alívio”, diz Christine Linard, de 81 anos, que não hesita em descrever o evento como a “ressurreição de Notre Dame”.
Essa parisiense, que assiste à missa todas as manhãs na igreja vizinha de Saint-Louis d’Antin, está entusiasmada com a magnificência da catedral restaurada, que ela acredita ser propícia à expressão da fé.
“Quando algo é belo, esse espanto surge do pensamento de que Deus é maravilhoso em sua criação”. E acrescenta: “Temos que oferecer ao Senhor sinos, vitrais… é isso que devolveremos a ele”.
A primeira missa aberta ao público em Notre Dame será realizada no domingo (8), às 18h30 (14h00 de Brasília), e outras serão realizadas todas as noites durante a semana da “oitava”.
No entanto, as vagas são limitadas, pois foi necessário fazer a reserva (gratuita) com antecedência. Ao meio-dia de terça-feira, poucas horas após a abertura da bilheteria on-line, todos os lugares para essa primeira semana já estavam esgotados.
Por que esse apego tão forte? Notre Dame é “um símbolo da Igreja Católica na França, uma representação do que a França era na esfera religiosa”, diz Xavier Castillo, sacristão da igreja de La Madeleine.
A reabertura será seguida de uma grande cerimônia de inauguração no sábado à noite, com a presença de patronos e cerca de cinquenta chefes de estado e de governo, incluindo Emmanuel Macron e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
“O mais importante é que o culto poderá ser realizado novamente nesta catedral”, disse o reitor-arcipreste da catedral, Olivier Ribadeau-Dumas, à rádio France Inter na segunda-feira, saudando o fato de que “os católicos de Paris recuperarão sua igreja mãe”.
De acordo com uma pesquisa do jornal católico La Croix, a Notre Dame representa para os franceses, acima de tudo, um emblema de Paris e da França (50%) e um pedaço da história (49%).
Entretanto, para os católicos praticantes, é principalmente um local de culto (53%).
Sua importância também está no culto à Virgem, “que vem sendo praticado na França há muito tempo”, lembra Jean-Michel Leniaud, presidente da Sociedade de Amigos de Notre Dame.
Diante das enormes multidões esperadas na catedral reformada, os fiéis parisienses, no entanto, não planejam se apressar.
“Irei um pouco mais tarde. Não gosto de multidões. Prefiro o silêncio”, diz Christine Linard.
Um sentimento semelhante foi expresso por Christian, 75 anos, que costumava visitar a Notre Dame uma vez por ano e planeja fazer isso “este ano”.
“O fato de ter sido salva é um alívio, é um símbolo”, acrescenta esse paroquiano, que no dia do incêndio, 15 de abril de 2019, foi ao local para observar e rezar, em uma espécie de comunhão.
Ele viu, como muitos, as primeiras imagens do interior da catedral restaurada e, embora admire sua beleza, não consegue deixar de pensar que “ela é branca demais, perde um pouco de sua alma”.
Durante os cinco anos de construção, a missa em Notre Dame era celebrada na igreja vizinha de Saint-Germain l’Auxerrois, onde os paroquianos expressavam sua impaciência no final de novembro para ver a catedral novamente.
“Queremos muito ir visitá-la”, explicou uma parisiense, Daphné de Lassus, que estava considerando a possibilidade de se voluntariar para ajudar a organizar a inauguração.
Para os católicos, a reabertura também será marcada pelo retorno da coroa de espinhos de Cristo à Notre Dame, com uma cerimônia em 13 de dezembro.
Centenas de pessoas participaram da procissão de tochas organizada em 15 de novembro para o retorno da famosa estátua da “Madonna e o Menino”.
“A Notre Dame é uma página da história”, disse Tiphaine Latrouite, 25 anos, entusiasmada: “O fato de não ter sido queimada prova que existem milagres.
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