O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro enviou um documento à Justiça alertando para as más condições de conservação do cadáver do miliciano Adriano da Nóbrega Magalhães, encontrado morto no último dia 9, na Bahia. As informações são do G1.
No texto escrito a mão, a perita legista Luciana Lima informa que o corpo de Adriano já deu entrada com sinais de “putrefação”, já que “o óbito ocorreu há mais de uma semana”. O IML explica ainda que “não dispõe de câmaras de congelamento de corpos”. O instituto possui apenas equipamentos de refrigeração, que podem retardar a decomposição, mas não evitá-la totalmente.

Na terça-feira (18), a Justiça da Bahia determinou que uma nova perícia necroscópica complementar seja realizada no corpo do ex-policial militar. Na decisão, o juiz Augusto Yuzo Jouti proibiu que o corpo seja cremado antes da realização da perícia, que deverá ser realizada pelo IML do Rio.

Além disso, o magistrado determinou que a Secretaria de Segurança da Bahia disponibilize os áudios dos rádios usados pelos policiais no dia da operação e realize a perícia nas munições não deflagradas da arma encontrada com Adriano Nóbrega.

MP quer esclarecer dados “obscuros”

A nova perícia foi solicitada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA). No pedido, os promotores afirmaram que é necessário esclarecer dados até então “obscuros” sobre o momento em que o ex-policial foi morto.

A partir do novo exame, o MP quer saber a direção que os projéteis percorreram no corpo de Adriano; o calibre das armas utilizadas; a distância dos tiros e outras informações que os peritos acharem relevantes para a elucidação da morte do ex-policial.

Também, no dia 18, a defesa de Adriano Nóbrega pediu autorização à Justiça para realizar uma perícia independente no corpo do ex-policial militar, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias de sua morte.

Em entrevista, o advogado da família de Nóbrega, Paulo Emílio Catta Preta, confirmou que a família suspeita da primeira versão dada pela Polícia Militar da Bahia, de que ele foi morto ao reagir e trocar tiros durante uma operação policial que visava prendê-lo.

“Capitão Adriano” foi denunciado pelo Ministério Público por atuar com grilagem de terras; compra, venda e aluguel irregular de imóveis; cobrança irregular de taxas da população local; e extorsão e na receptação de mercadoria roubada em Rio das Pedras.

A investigação que tem o ex-PM como foco é a que mira o Escritório do Crime. No entanto, o miliciano passou a ser mais conhecido pela menção a seu nome em dois casos de ampla repercussão tocados pelo Ministério Público do Rio: a morte da vereadora Marielle Franco e o esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.