Edmundo, 43, asfixiado pela crise econômica e a falta de remédios, emigrou para o Brasil. Ele é um dos 20 venezuelanos que vivem em um abrigo em Belo Horizonte e que comemoraram neste sábado, no Mineirão, a classificação da Venezuela para as quartas de final da Copa América.

Caraquenho, Edmundo aguardava com expectativa o início da partida, que a equipe de seu país venceu por 3 x 1. “Não posso expressar com palavras a emoção que estou sentindo”, comentou.

Edmundo vive há quatro meses na Casa do Migrante do bairro de Boa Viagem, em Belo Horizonte, depois de passar cinco meses em Boa Vista. O último empurrão para que deixasse a Venezuela foi a falta do remédio de que precisa para tratar problemas circulatórios na perna direita.

No centro de acolhimento, regido pela arquidiocese de Belo Horizonte, imigrantes recebem apoio para se inserirem na sociedade brasileira. Entre os 20 venezuelanos que vivem naquele local, cinco conseguiram emprego em restaurantes.

Convidados pela gestora do Mineirão, Edmundo e seus companheiros compareceram ao estádio munidos de bandeiras venezuelanas e cheios de animação. “É uma emoção grande. Nunca imaginamos que pudéssemos estar aqui e estamos muito agradecidos”, disse Alejandro Cardiel, 40, que deixou a cidade venezuelana de Puerto Ordaz há dois meses.

As arquibancadas do Mineirão receberam uma boa quantidade de torcedores da seleção Vinotinto. “São venezuelanos que, como muitos outros, vieram nos acompanhar, e nós os recompensamos com gols e com a vitória. A eles, muito obrigado”, disse o técnico Rafael Dudamel em entrevista coletiva após a partida.

César Bandres, 27, cruzou a pé a fronteira da Venezuela com o Brasil com a mulher e seus dois filhos, há sete meses. Chegou a Belo Horizonte há duas semanas, em busca de “uma vida melhor”. Sua família permanece em Boa Vista.

Assistir à seleção de seu país era um momento de alegria para César. “São 90 minutos em que iremos estar como em casa”, disse, um sentimento compartilhado por seus conterrâneos: “É um momento de distração, um momento de alegria. Os problemas são esquecidos. O futebol te bloqueia”, comentou Edmundo.