O embaixador russo em Ancara, Andrei Karlov, foi assassinado nesta segunda-feira por um jovem policial turco diante das câmeras, em uma cena pavorosa.

As imagens mostram o autor dos disparos, Mevlüt Mert Altintas, de terno, gravata e uma pistola na mão junto ao corpo do embaixador, caído no chão com os braços abertos.

Antes de atirar, o policial se colocou discretamente atrás de Karlov, durante a inauguração de uma exposição de fotos, como se fosse um guarda-costas.

Segundo várias testemunhas, o policial de 22 anos atirou nas costas do embaixador.

Em meio ao pânico das pessoas na galeria de arte, o policial permaneceu tranquilo, completamente indiferente aos gritos, e revelou que agia para vingar o drama da cidade síria de Aleppo.

Após matar o embaixador, “disse algo sobre Aleppo e sobre uma vingança”, declarou à AFP Hasim Kiliç, repórter do jornal Hürriyet, que estava no local.

Também gritou “Alá Akbar” (Alá é Grande) e conclamou em árabe os “que juraram lealdade à Jihad”.

“Não esqueçam a Síria, não esqueçam Aleppo”, gritou em turco em duas ocasiões, constatou a AFP no vídeo do crime.

“Todos os que participam desta tirania prestarão contas, um a um”, diz o policial, membro das forças especiais em Ancara.

Imediatamente após os disparos, ocorridos às 19H05 (14H05 Brasília), policiais de uma delegacia próxima seguem para o local e trocam tiros com o assassino.

Em seguida, chegam homens da força de intervenção especial da polícia e o atacante é “neutralizado” pouco depois.

Fotos que circulam na Internet mostram Altintas no chão, com o tórax crivado de balas.

Segundo o ministro do Interior, Süleyman Soylu, o embaixador russo chegou ao hospital de Ancara às 19H53 (14H53), mas já não apresentava sinais de vida.

Durante a noite, a polícia realizou uma batida na casa de Altintas e deteve seus pais e sua irmã, no oeste da Turquia, para interrogá-los.

O prefeito de Ancara, Melih Gökçek, sugeriu no Twitter que o atirador pode estar ligado a Fethullah Gülen, o pregador islâmico residente nos Estados Unidos que a Turquia acusa de orquestrar a tentativa de golpe de 15 de julho.