São Paulo, 05/11 – O setor agropecuário brasileiro emitiu 492 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) em 2018, montante que significa 25% do total das emissões brasileiras no período. A informação foi divulgada há pouco pelo coordenador de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora, Ciniro Costa Junior, em evento promovido pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, em São Paulo. “A agropecuária é a segunda maior fonte de emissões do Brasil”, diz Costa Jr. “Além disso, esse setor é o terceiro maior emissor global especificamente na agropecuária, ou seja, é um segmento intenso em termos de emissões de gases do efeito estufa.”

Ele diz que, entre as principais atividades agropecuárias desenvolvidas no Brasil, a pecuária bovina de corte é a responsável pelo maior volume de emissões, com 69% do total relacionado à agropecuária. “Quando incluímos a pecuária leiteira, as emissões da pecuária alcançam 80% da agricultura e pecuária brasileiras.” Em terceiro lugar no total das emissões agropecuárias brasileiras, vem o setor de fertilizantes, com 6%, seguido do arroz irrigado – “Importante em emissão em metano”, diz Costa Jr. – e, “outras atividades agropecuárias”, 14%.

O representante do Imaflora informa, ainda, que o Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso, que detém o maior rebanho de corte do País, lidera as emissões da agropecuária, com 31% do total. Em seguida, vem o Sul, com 20%, Sudeste e Norte, com 18% cada uma, e Nordeste, com 13%. Costa Jr. observou que, pelo segundo ano consecutivo, o setor agropecuário reduz suas emissões, na base de 1% ao ano desde 2016. Ele ressaltou que, de 1970 para 2018, as emissões agropecuárias brasileiras cresceram 162%, “mas o Brasil aumentou bastante sua produção agrícola e pecuária”, diz.

Ele comenta, ainda, que houve, de dois anos para cá, uma redução de 2% no rebanho bovino brasileiro, o que também contribuiu com o recuo nas emissões. “O setor tem melhorado a produtividade, entregado produtos com menor emissão de gases do efeito estufa associados”, diz o representante do Imaflora. “A agricultura brasileira aumentou em 100% sua produção de grãos de 2005 para cá, enquanto a emissão cresceu bem menos, na base de 60%”, diz. “A bovinocultura de corte aumentou 25% sua produção de carne nesse período e as emissões, só 5%.”Costa Jr. diz que resta saber se o setor agropecuário conseguirá manter estáveis as emissões de 2005 para 2030, para cumprir o Acordo de Paris. “Temos a chance de conseguir, desde que a agropecuária de baixo carbono ganhe escala.”

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