O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, voltou a defender nesta terça-feira, 4, durante discurso da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, a autonomia da instituição.

“Quando estive nesta comissão pela última vez, por ocasião de minha sabatina para o cargo que hoje ocupo, tive a oportunidade de externar a vossas excelências minha visão quanto à importância da autonomia do Banco Central. Essa visão permanece a mesma e a ela se junta a percepção de que precisamos revisitar e, no que couber, propor a modernização do marco legal para a atuação do Banco Central”, disse Ilan. “Nesse contexto, considero importante que, no momento oportuno, o governo apresente ao Congresso Nacional propostas para o aprimoramento desses marcos”, acrescentou.

Questionado após o fim da audiência sobre como poderiam ser aprimorados os marcos legais, Goldfajn saiu sem falar com a imprensa.

Juros

Ilan reafirmou na CAE que um dos objetivos da instituição é reduzir o juro estrutural da economia. Mas, para essa missão, o banqueiro central rejeitou qualquer “aventura”. Durante sessão de perguntas e respostas na CAE, o presidente do BC reafirmou a defesa do avanço das reformas estruturais e citou especialmente a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece teto para o crescimento dos gastos. “Pois vai no núcleo disso”, disse.

“Nós queremos ter as condições para ter juros estruturais menores. Não adianta ter uma aventura e argumentar que a inflação não está aí. Ela tá aí. Ela veio e há inércia”, disse Ilan, após ser questionado sobre as condições para a redução dos juros no Brasil. O presidente do BC citou que a inflação mais recente no Brasil subiu sem aumento da demanda, por fatores distintos, como o ajuste de preços administrados. Nesse cenário, o papel do BC, explicou, é impedir a propagação desses aumentos para o restante da economia.

Sobre as condições para eventual flexibilização da política monetária, o presidente do BC reafirmou a defesa da PEC que limitará o aumento dos gastos públicos. “A PEC é a mais eficiente para isso. Vai no núcleo disso”, disse, ao comentar que “não consegue ver” o enfrentamento desse problema não passar pelo teto dos gastos.

Ilan comentou ainda que o BC tem feito o trabalho para “colocar a casa em ordem”, mas que ainda é preciso fazer mais. “A dívida bruta subiu e a trajetória da dívida tem de ser colocada em ordem. Esse é o núcleo do problema e deve ser levado em consideração”, disse. “Há avaliação no Brasil e no mundo que temos de atacar o problema fiscal e a inflação. Não podemos voltar a achar que um pouco de inflação não faz mal. Isso vai prejudicar o mesmo que nós queremos defender”, disse.

Levy

Ilan afirmou ainda, já perto do fim da audiência pública na CAE do Senado, ter respeito pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. “Ele tentou o caminho correto”, afirmou Goldfajn.

O comentário surgiu após o senador Lindberg Farias (PT-RJ) afirmar, na CAE, que o ajuste fiscal promovido por Levy teria prejudicado a economia brasileira. “Neste momento, tentamos medidas de curto e longo prazo”, acrescentou Ilan. “O gasto fiscal é um problema, do meu ponto de vista”, finalizou.