A Conferência Episcopal Italiana (CEI) e seu novo presidente, o cardeal Matteo Zuppi, anunciaram nesta sexta-feira (27) a realização de um estudo sobre a pedofilia dentro da Igreja na Itália em resposta aos pedidos de associações de vítimas.

O anúncio do estudo, que vai de 2000 a 2021, decepcionou as organizações que exigem uma “investigação independente”, pois temem que muitos casos sejam esquecidos.

“É nosso dever diante de tanto sofrimento”, afirmou à imprensa o cardeal Zuppi, conhecido por suas posições progressistas e encarregado pelo papa Francisco como líder da igreja italiana.

O estudo “será em colaboração com institutos de investigação independentes (…) o que permitirá um conhecimento mais profundo e objetivo” do fenômeno, afirma a CEI em nota.

Os dados serão fornecidos pela Congregação da Doutrina da Fé, a entidade vaticana responsável pelas denúncias de abusos na Igreja católica.

“Isso permitirá melhorar as medidas de prevenção e controle e dar apoio às vítimas e sobreviventes graças a um maior conhecimento”, explicou.

A CEI também prometeu multiplicar os centros de escuta das dioceses, que atualmente cobrem 70% do país, e preparar um primeiro relatório nacional sobre os casos relatados nos últimos dois anos.

Para Francesco Zanardi, fundador da associação de vítimas “Rete L’Abuso” (Rede de Abuso), que sofreu abuso na adolescência por um padre, o estudo vai relatar apenas parte do fenômeno.

Estudar casos apenas a partir de 2000 é “discriminatório” e “exclui muitos casos, inclusive o meu”, disse ele em conversa com a AFP.

Zanardi estima que o número de pessoas que sofreram abusos de padres na Itália pode chegar a “um milhão”.

Em 16 de maio, associações, advogados e jornalistas reunidos no movimento “ItalyChurchToo” (“A Igreja da Itália também”) pediram em carta aberta uma investigação independente “realizada por profissionais imparciais e de alto nível”, que leve em consideração a influência histórica da Igreja e dos católicos na península.