A Igreja Católica deve multiplicar seus esforços para recuperar seu atraso na luta contra a pedofilia dentro do clero no Hemisfério Sul, afirmou nesta sexta-feira (28) um integrante de uma comissão consultiva do Vaticano.

Existe uma “disparidade no treinamento e prevenção do abuso sexual infantil entre o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul”, declarou Andrew Small, secretário da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores.

O escândalo dos abusos sexuais cometidos contra menores eclodiu em meados dos anos 1980, com uma avalanche de acusações contra padres e sacerdotes em todo o mundo, da Austrália ao Chile, passando pela França e Estados Unidos.

O papa Francisco insistiu que a Igreja adotaria uma postura de “tolerância zero” ante a este flagelo, mas parece que vários países ainda não tomaram medidas concretas.

É “urgente… corrigir a enorme desigualdade de serviços de proteção entre o Norte e o Sul” do globo, escreve Small em um artigo publicado nesta sexta-feira no jornal do Vaticano L’Osservatore Romano.

O padre britânico foi nomeado pelo papa Francisco no ano passado para dirigir esta comissão mista que duplicou sua equipe em setembro, passando de 10 para 20 especialistas.

Umas de suas tarefas consiste em vigiar a aplicação das diretrizes relativas à formação de novos padres e à denúncia dos casos, indicou.

“Embora quase todas as 114 conferências episcopais do mundo tenham elaborado e apresentado um conjunto de orientações, resta a questão importante da sua eficácia e da sua verificação, dois elementos essenciais quando se trata da proteção das crianças”, revelou.

A comissão também se encarregou de escrever um relatório anual para avaliar o progresso em matéria de proteção de menores na Igreja, mas não será publicado antes de 2024, disse Small a jornalistas na sexta.

Deve determinar também até que ponto as vítimas de violência cometidas por membros do clero são atendidas e verificar se os países e dioceses implementaram diretrizes de proteção eficazes.