Igreja denuncia ‘queda ao inferno’ no Haiti após sequestro de clérigos

Igreja denuncia

O Haiti desceu “ao inferno” e o governo é omisso, denunciou nesta segunda-feira (12) a Igreja Católica da ilha, após o sequestro de dez pessoas, incluindo membros do clero e cidadãos franceses, cujos captores exigem resgate de um milhão de dólares.

“Há algum tempo, temos sido testemunhas da queda ao inferno da sociedade haitiana”, reagiu a Arquidiocese de Porto Príncipe, a capital do país, em um comunicado, no qual afirma que “a violência dos grupos armados” está adquirindo proporções “sem precedentes”.

“As autoridades públicas, que não fazem nada para resolver esta crise, não estão imunes à suspeita. Denunciamos a complacência e a cumplicidade de onde vier”, acrescenta o comunicado, publicado no dia seguinte ao sequestro, que ocorreu em Croix-des-Bouquets, cidade a nordeste da capital.

Entre os capturados estão sete clérigos católicos – cinco haitianos, assim como uma freira e um padre franceses – e três familiares de um sacerdote que não está entre os sequestrados.

O sequestro ocorreu quando os religiosos se dirigiam “à instalação de um novo pároco”, disse à AFP o padre Loudger Mazile, porta-voz da Conferência Episcopal do Haiti, uma antiga colônia francesa e o país mais pobre das Américas.

A promotoria de Paris, competente para crimes ocorridos no exterior contra cidadãos franceses, abriu uma investigação sobre o caso nesta segunda-feira.

Os sequestradores exigem um milhão de dólares de resgate pelo grupo.

Os cinco religiosos haitianos pertencem à Sociedade Sacerdotal de Santiago, com sede na França, confirmou nesta segunda à AFP seu superior geral, Paul Dossous.

“Estamos tentando rezar enquanto também estamos ativos. Estamos negociando. O contato é feito, isso é importante”, disse.

O Ministério francês das Relações Exteriores anunciou ter ativado sua unidade de crise após o sequestro, embora não tenha dado mais detalhes “por razões de eficiência e segurança”.

Os sequestros extorsivos aumentaram nos últimos meses em Porto Príncipe e no interior do Haiti, que compartilha a Ilha Espanhola com a República Dominicana.

As autoridades suspeitam que um grupo armado ativo na região, denominado “400 Mawozo”, está por trás do sequestro, segundo uma fonte policial.