Bispos católicos do Canadá se desculparam formalmente com os povos indígenas do país depois que foram descobertas nos últimos meses mais de mil tumbas perto de antigos internatos administrados pela Igreja, segundo uma declaração publicada nesta sexta-feira (24).

“Nós, os bispos católicos do Canadá, expressamos nossos profundo remorso e oferecemos desculpas inequívocas”, disseram. Também admitiram “o sofrimento vivido nos internatos” e os “graves abusos cometidos por alguns membros” da comunidade católica.

“Muitas comunidades religiosas e dioceses católicas têm servido neste sistema que levou à supressão das línguas indígenas, da cultura e da espiritualidade, sem respeitar a rica história, as tradições e a sabedoria dos povos indígenas”, disseram.

A declaração também reconhece o “trauma histórico e atual, assim como o legado de sofrimento e os desafios que continuam até o dia de hoje para os povos indígenas”.

Neste verão foram encontradas mais de mil tumbas sem marcação perto dos antigos internatos católicos para crianças indígenas.

Muitos grupos indígenas têm solicitado reiteradamente um pedido de desculpas do papa.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que fez da reconciliação com povos indígenas uma de suas prioridades, lamentou a negativa do papa e da Igreja Católica de reconhecer sua “responsabilidade” e sua “parte de culpa” na gestão dos internatos.

O comunicado com o pedido de desculpas foi emitido após a assembleia plenária anual da Conferência Canadense de Bispos Católicos.

No texto também se informou que o papa Francisco vai receber uma delegação de indígenas em dezembro.

As desculpas chegam menos de uma semana antes do primeiro Dia Nacional da Verdade e da Reconciliação para as crianças desaparecidas e os sobreviventes dos internatos, previsto para 30 de setembro.

Cerca de 150.000 crianças das Primeiras Nações, métis e inuítes foram recrutadas à força em 139 internatos em todo o país, afastando-as de suas famílias, sua língua e sua cultura.