A receita recorrente do governo federal obtida com o pagamento regular de tributos tem contribuído para a recuperação da arrecadação, segundo o Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado. No acumulado do ano até setembro, o avanço real (acima da inflação) foi de 1,1%, o que mostra estabilidade depois de meses de queda nas receitas.

Apesar disso, o IFI alerta que a recuperação é insuficiente para fazer frente à expansão de despesas. Enquanto os gastos primários subiram R$ 6 bilhões nos três primeiros trimestres, o avanço da receita líquida foi de R$ 1,7 bilhão.

O governo reduziu pagamentos em gastos discricionários, como custeio e investimento, e freou a concessão de subsídios e subvenções. Mas isso só foi suficiente para “amortecer o robusto avanço de despesas com pessoal e encargos (R$ 19,6 bilhões ou 10,3% no acumulado ano) e transferências de renda (R$ 24,3 bilhões ou 5%) – equivalentes a quase 80% do gasto primário”.

As transferências de renda incluem os benefícios previdenciários (expansão de R$ 26 bilhões ou 6,8%) e assistenciais (R$ 2,3 bilhões ou 6,1%), além dos gastos com o abono salarial e seguro desemprego (recuo de R$ 3,9 bilhões ou 8,6%) e o programa Bolsa Família (recuo de R$ 107 milhões ou 0,5%).

A IFI projeta um resultado primário negativo em R$ 155,357 bilhões no ano que vem, dentro portanto da meta de déficit de R$ 159 bilhões.