O iene teve um forte movimento de valorização ante o dólar nesta quinta-feira, 7, em meio a temores renovados sobre a fraqueza da economia mundial, que levaram investidores a buscar segurança em ativos considerados seguros, como a moeda japonesa, o ouro e os títulos do governo norte-americano.

O movimento acontece apesar do anúncio de estímulos cada vez mais agressivos por parte do Banco do Japão (BoJ), o que leva parte do mercado a questionar a capacidade da autoridade monetária local em impulsionar o crescimento.

Esses temores foram sublinhados pela reação aos comentários do presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, que reiterou hoje sua disposição em agir para reanimar a economia. Apesar do tom das declarações, o iene manteve sua trajetória de queda.

No final da tarde, o dólar caía a 108,43 ienes, de 109,71 ienes na tarde de ontem, enquanto o euro cedia a US$ 1,1372, de US$ 1,1404.

A trajetória da moeda japonesa reflete a volta de temores sobre a economia global, salientados no discurso da semana passada da presidente do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), Janet Yellen, que sugeriu maior cautela no processo de normalização da política monetária nos EUA.

Operadores dizem que o movimento do iene tem forçado investidores a desfazer apostas negativas contra a moeda japonesa. A valorização da divisa tira competitividade das exportações e prejudica os lucros das empresas japonesas.

“O cenário transformou um movimento de curto prazo em um impulso que ainda tem um caminho a percorrer”, disse Shaun Osborne, diretor de câmbio do Scotiabank.

Na Europa, que enfrenta problemas parecidos com o do Japão, a ata da reunião de política monetária de março do Banco Central Europeu (BCE), divulgada hoje, mostrou que os dirigentes da instituição não descartam “futuros cortes nas taxas, pois novos choques (…) podem justificar mais ação na política monetária”.

“O que temos aqui é um grande problema de incerteza sobre qual será o próximo movimento de política monetária, sendo que o caso mais urgente é o do Japão”, disse Brian Jacobsen, estrategista-chefe de portfólio da Wells Fargo.