Na última terça-feira (05), a Polícia Civil de Goiás resgatou idosos que eram mantidos em um abrigo clandestino em Goiânia. Durante a libertação, a investigação encontrou vítimas presas em celas e amarradas em cadeiras, caracterizando possíveis crimes de tortura e maus-tratos.

No local, quatro idosos foram encontrados. Eles tinham idade entre 62 e 102 anos. A Polícia Civil teve acesso ao caso após uma das internas em tratamento químico fugir do imóvel e denunciar os maus-tratos à 2ª Delegacia Distrital de Polícia (DDP) do bairro Jardim Floresta, no município de Trindade.

“Ela fez algumas imagens sobre a situação dos idosos, mas conseguimos recuperá-las. Fomos até o local e realmente se tratava de um abrigo ilegal. Existiam quatro idosos em visível situação de maus-tratos. Uma delas, com Alzheimer, estava amarrada em uma cadeira. Já outra, com problemas de relacionamento, era mantida em uma espécie de cela e fazia suas necessidades no próprio chão”, explicou Alexandre Alvim, delegado da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEIAI).

As autoridades prenderam em flagrante um casal que se identificou como proprietários do abrigo: um homem de 67 anos e uma mulher de 57. Os dois deverão responder pelos crimes de tortura, com pena entre dois a oito anos de prisão; e maus-tratos a idosos, com punição que varia de três meses a um ano.

Em depoimento, eles negaram que sabiam que praticavam tortura e maus-tratos e afirmaram desconhecer as condições sanitárias necessárias para operar o abrigo. Os dois continuam presos à espera de uma audiência de custódia na Justiça. Segundo a polícia, o crime de tortura não permite o pagamento de fiança na delegacia para que o casal responda em liberdade.

“Eles afirmaram não saber das necessidades para regularizar o abrigo. Negaram a tortura, mas confirmaram que amarravam a idosa sob alegação de segurança, assim como a outra, em uma cela”, contou o delegado.

A investigação agora tenta descobrir se os parentes que pagavam para manter os idosos no abrigo conheciam as condições que submetiam os familiares no lugar. A internação mensal variava entre R$ 1.045 e R$ 2 mil. “Estamos em apuração para ver a participação das famílias, uma vez que eram mantidos no abrigo sob a condição de pagamento. Queremos saber se os parentes tinham ciência de tudo isso”, finalizou Alexandre Alvim.