É possível tocar rock and roll e ser de direita? A história mostra que isso até é possível, mas os casos são tão raros que cabem nos dedos de uma mão. No Brasil não é diferente: a maioria dos roqueiros se posicionam do centro para a esquerda, fruto de um posicionamento mais humanista e preocupado com os problemas sociais de um país que andou para trás nos últimos quatro anos.

ISTOÉ colheu depoimentos de quatro ícones da música brasileira, nomes que fazem sucesso há décadas e que, graças às inúmeras turnês que os levou aos quatro cantos do Brasil, conhecem o país como poucos, na prática. A seguir, os depoimentos de Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, Dado Villa-Lobos, eterno guitarrista da Legião Urbana, Nando Reis e Tony Bellotto, guitarrista dos Titãs. Nem todos têm histórico de serem eleitores do PT, mas, nessa reta final, foram unânimes em suas opções: nesse domingo, declararam voto em Lula.

Dinho Ouro Preto
“A extrema-direita nacionalista, que era percebida como algo que dizia respeito a uns poucos radicais desequilibrados, está tendo seus dias de glória. A ascensão de figuras como Viktor Orbán, Doland Trump, Giorgia Meloni e Jair Bolsonaro não é coincidência. Todos, por meio do populismo, manipularam a frustração, a raiva e os preconceitos dos seus respectivos eleitorados para se elegerem. Uma vez no poder, o roteiro é similar: todos se valem dos mesmos métodos para corroer a democracia. Lentamente, passo a passo, os controles sobre o Executivo são eliminados. O primeiro alvo é o Judiciário independente. O passo seguinte é o aparelhamento do Estado. Seu maior inimigo é a imprensa livre. E assim, gradualmente, a democracia liberal e o Estado Democrático de Direito vão sendo substituídos por um sistema autocrático. Essa é a encruzilhada na qual o Brasil se encontra. Não se trata mais de uma disputa entre esquerda e direita. O que está em jogo são nossas conquistas civilizatórias. Mais ainda, a própria democracia está ameaçada. Não podemos deixar a ignorância, a raiva e a violência triunfarem. Nessa eleição só há um extremista, só há uma pessoa que quer incendiar o Brasil: Bolsonaro. Ele precisa ser derrotado.”

Dado Villa-Lobos
“Chegamos ao ápice dessa encruzilhada louca que estamos chegando no Brasil. Para mim é impensável mais quatro anos de um governo desse sujeito racista e homofóbico e tudo que a gente sabe. Um país em que a população civil tem mais armas que a polícia e o Exército. E todos esses descalabros que a gente vem vivendo nesses últimos quatro anos. As pessoas têm que ir para a rua, domingo, e votar 13. Não tem saída para o Brasil. Para o Brasil continuar a existir como nação, como país de respeito, que respeite o seu próprio povo, não tem outra opção. Estou apreensivo, claro, mas minha posição é essa. Sou um humanista, penso para frente, em um futuro melhor para todo mundo. E isso não passa por mais quatro anos de Jair Bolsonaro.”

Nando Reis
“Não voto em Bolsonaro porque ele representa a ruína de toda a civilização, ética e esteticamente. Ele é a antítese da alegria multidiversa da cultura brasileira, o emblema horrendo da desfiguração da humanidade. Bolsonaro é a foice da morte, o coice da besta, a boçalidade bípede que vocaliza a infâmia.”

Tony Bellotto
“Porque não voto em Bolsonaro: porque Bolsonaro idolatra torturadores. Enaltece a ditadura militar. Escarneceu das vítimas da COVID. É negacionista da ciência. Mistura política com religião. É misógino, homofóbico, racista e fascista. Entrega a Amazônia a grileiros e garimpeiros. Age como um pedófilo. É suspeito de corrupção e prevaricação. Desrespeita e combate a arte e a cultura. É mentiroso, incompetente e hipócrita.”