O ator Ícaro Silva participou de uma conversa ao vivo no Instagram junto com seu colega Hugo Bonemer no último dia 4. Nela, ele falou sobre a história e alguns elementos do racismo no Brasil, e destacou que o pensamento racista também está presente entre a comunidade gay.

No começo da live Ícaro falou sobre seu processo de politização, pautado principalmente pela luta contra o racismo: “uma vez que você reconhece o que está errado, identifica o erro e as consequências dele, você quer consertá-lo. E a gente consegue visualizar alguns erros muito graves que são extremamente expostos na sociedade, erros que a gente enxerga todos os dias”.

Ele também comentou sobre a morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, que estava sob os cuidados de Sari Corte Real, patroa de sua mãe. Ícaro acredita que a situação é um reflexo de um sistema racista no Brasil: “esse sistema animaliza as pessoas afrodescendentes”.

“Eu já pensava muito sobre isso [racismo], mas eu era um meritocrata. Eu achava que se eu fosse muito bom, extremamente inteligente, e educado, e bonito, e elegante, e poliglota, eu conseguiria o que eu queria, mas não funciona assim”, continuou. Ícaro também aconselhou que as pessoas brancas estudem sobre o tema e pesquisem para entender mais sobre privilégios.

Já no fim da live, Ícaro, que é homossexual, falou sobre o racismo que existe no “movimento gay”, e deu um recado: “parem de hipersexualizar os nossos corpos. Parem de achar que a gente é o ‘negão’ que vai satisfazer os seus desejos. Olham para a nossa afetividade”.

O ator pensou que seria acolhido no movimento gay, mas que encontrou misoginia e racismo dentro dele, em especial por parte de homens homossexuais brancos. “Isso é muito complicado. Porque se a gente não olha para a afetividade das pessoas, você não consegue ver as pessoas”, destacou ele.

“Eu já ouvi muito, de muitos meninos gays brancos que ‘eu não sinto atração por negro, não gosto de negros’. E aí eu pergunto ‘mas você conhece todos os negros do planeta Terra?’. Como é que você pode saber que você não gosta de uma pessoa baseada na etnia dela? Isso se chama? Racismo”, concluiu ele, destacando que muitas vezes os negros ou são hipersexualizados ou segregados dentro do movimento gay, e que essa situação precisa mudar.