Laudo preliminar do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo aponta que não há sinais de vandalismo em metade dos vidros quebrados na Raia Olímpica da Universidade de São Paulo (USP) que já foram objeto de perícia policial. O trabalho lista falhas de instalação, armazenamento e transporte para explicar a destruição das peças, que começou a ser relatada em abril.

As quebras estão sendo investigadas pela Polícia Civil sob a suspeita de crime de dano ao patrimônio público, mas o caso caminha para o pedido de arquivamento. Segundo do laudo, há sinais de dano causado por objeto contundente em 6 de 11 vidraças danificados.

O laudo sobre outros 15 vidros restantes ainda está em produção. Mesmo nesses casos, os peritos não conseguiram identificar qual objeto seria esse – e o trabalho em campo não identificou nada que pudesse ter sido usado, como pedras ou mesmo cápsulas de tiros.

Para outras cinco peças, o laudo diz que se romperam por problemas de instalação, de vibração ou transporte e armazenamento inadequados. O conteúdo do laudo foi divulgado inicialmente pela TV Globo. A instalação dos vidros, que começou em março, tinha previsão de terminar no mês seguinte, mas ainda não foi concluída.

O delegado Ubiraci de Oliveira, titular do 93.° Distrito Policial (Jaguaré), que investiga o caso, afirma que, se nenhuma pessoa for identificada como autora dos atos de vandalismo, o inquérito deverá ser relatado ao Ministério Público Estadual para ser arquivado. “Mesmo que alguém fosse identificado, o crime é de dano ao patrimônio, com a qualificação de ser patrimônio público, mas a pena é de 6 meses a 3 anos de reclusão, o que não se converte em prisão”, afirma.

O delegado diz que guardas da USP e agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) têm feito reforço na segurança para flagrar um eventual autor dos delitos, mas até agora ninguém foi visto. “Em 90% dos casos, as quebras ocorreram entre 1h30 e 3 horas”, diz o delegado, que aguarda a conclusão dos demais laudos para relatar o inquérito.

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A reportagem tentou contato com as empresas Ci & Lab e Crescêncio Petrucci Jr., que participam da instalação do muro, mas ninguém atendeu às solicitações de entrevista.

A instalação, articulada pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), foi feita como uma doação de 55 empresas, que financiaram o projeto, à USP, ao custo estimado em R$ 20 milhões. Na época, a promessa era de que o trabalho ficasse pronto em abril. Mas, quando os termos foram formalizados, a previsão passou para o segundo semestre.

Sob a gestão Bruno Covas (PSDB), a Prefeitura argumenta que participou dos entendimentos que resultaram na instalação do muro. Mas que o chamamento público que resultou na instalação foi firmado diretamente entre a universidade e as empresas. Em publicação no Diário Oficial, o governo estadual, que é responsável pela USP, anunciou proposta de criar um parque na área, após a conclusão do muro.

Custos

Diante dos indícios de que os vidros quebram também por problemas de instalação, a reportagem questionou a USP sobre o teor do contrato firmado com as empresas em relação a eventuais reparos que tenham de ser feitos no material instalado. Em nota oficial, a USP respondeu que “tem acompanhado, com muita acuidade, a evolução do projeto e assumirá a manutenção do muro tão logo a obra seja finalizada e entregue à universidade”. Ainda na nota, a USP – que passa por uma grave crise financeira – afirmou que buscará parcerias privadas para viabilizar a manutenção do muro no futuro, quando a obra for concluída. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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