O Ibovespa rompeu nesta terça-feira, 16, o nível dos 80 mil na pontuação intraday, mas perdeu esse patamar perto do final do pregão com a virada de mão do mercado acionário em Wall Street para o negativo. O índice à vista chegou a registrar 80.234,19 pontos, na máxima do dia, e fechou renovando recorde aos 79.831,76 pontos em leve alta de 0,10%.

Ainda assim, ao testar a nova máxima histórica – apenas oito pregões depois de ter passado a barreira dos 79 mil pontos – o índice mostra que os investidores deixaram no retrovisor tanto o rebaixamento da nota de crédito soberana pela agência de classificação de risco S&P Global quanto os alertas mais severos por parte da Moody’s nessa semana.

Em alta na maior parte da sessão, o Ibovespa sustentou o recorde de maneira contida. Próximo ao final do pregão, o índice à vista retornou ao nível mais baixo em sintonia com a mudança de humor de seus pares em Nova York.

Segundo Fabricio Estagliano, analista-chefe da Walpires Corretora, apesar do contexto positivo, os agentes de mercado ainda trabalham com incertezas domésticas do ponto de vista político e a respeito da aprovação de reformas necessárias para o país, como a da Previdência. “Não há confiança suficiente para fazer o índice andar mais”, disse.

No final da tarde desta terça, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que não será simples votar a reforma da Previdência neste ano e negou que tenha feito um discurso pessimista sobre o assunto em reunião com empresários em Washington. A princípio, os deputados devem voltar a discutir o tema na semana do dia 19 de fevereiro, imediatamente após o carnaval.

Para Helena Veronese, economista da Azimut Brasil Wealth Management, o mercado conta com incertezas em relação à Previdência, entretanto, nota-se que membros do governo estão fazendo articulações publicamente, como Maia, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e o próprio presidente Michel Temer. “O mercado está bem cético, mas voltar a falar sobre o tema é positivo”, disse. “Afinal, o Brasil está recuperando a economia, mas a questão fiscal, motivo do rebaixamento da nota de crédito soberana, ainda está na mesa.”