O Ibovespa avança nesta quinta-feira, 30, penúltimo dia de janeiro, e vai aos 125 mil pontos – marca vista na segunda quinzena de dezembro do ano passado. Investidores equilibram os efeitos possíveis das decisões esperadas de política monetária ontem nos Estados Unidos e no Brasil. Enquanto o Federal Reserve (Fed) manteve o juro básico no nível entre 4,25% e 4,50%, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 12,35% para 13,25% ao ano.
Nesta manhã os juros futuros cedem na ponta curta, após o Copom, enquanto o dólar ante o real avança tocando máxima a R$ 5,914, em correção, segundo analistas. Em Nova York, a maioria dos índices futuros de ações avança na esteira de balanços corporativos.
“A Bolsa apanhou muito com o câmbio apreciando com notícias lá fora. Agora, recupera um pouco o terreno. Não há nada muito estrutural hoje que justifique essa alta. O Caged dezembro e 2024 veio mais fraco. Isso ajuda a jogar para baixo as taxas dos juros futuros, jogando também a perspectiva de um ciclo de alta da Selic não se alongando tanto”, avalia Carlos Lopes, do banco BV.
O Caged teve fechamento líquido de 535.547 empregos em dezembro. O saldo foi mais negativo do que o piso da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava encerramento de 487.116 vagas formais. Em 2024, houve abertura de 1.693.673 novas vagas de emprego. Foi menor também do que o piso das estimativas, de geração de 1.736.982 postos.
Para Ian Toro, especialista de renda variável da Melver, alguns acontecimento da semana com sinais de abrandamento nas promessas de Donald Trump em relação a tarifas a alguns países, mas o quadro é incerto. “O presidente do Fed Jerome Powell está observando as ações de Trump, dadas as incertezas. Fora isso tem toda a questão sobre imigrantes, que trabalham nos EUA e consome”, diz.
Assim como a manutenção do juros nos EUA era prevista, como a alta aqui era esperada, o foco de economistas e especialistas ficou no comunicado do Copom que, segundo esses profissionais, no geral, indicou um tom mais leve, deixando a porta aberta para a reunião de maio. Isso porque no Copom de dezembro o Banco Central já havia indicado dois aumentos de um ponto porcentual: janeiro e março. O juro básico irá a 14,25% no terceiro mês deste ano.
Para Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, a manutenção do roteiro do BC reforça a credibilidade do BC na atual gestão, que tem vários dirigentes indicados pelo governo, inclusive o presidente da autarquia, Gabriel Gablípolo. “Sugere que o presidente do BC será independente”, avalia.
“O discurso considerado dovish é bom no curto prazo”, pontua o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, completando que isso tende a atrair ingresso de capital do exterior para a B3.
Contudo, Oliveira, da Blue3, pondera que é preciso cautela dado que a moeda americana segue se apreciando em relação ao Real, o que faz com que o investidor estrangeiro olhe com certa parcimônia para o Brasil. “Mesmo com o Fed mantendo os juros, o dólar está se fortalecendo”, pontua.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,50%, aos 123.432,12 pontos.
Às 11h25 desta quinta, subia 1,37% aos 125.124,20 pontos, ante elevação de 1,57%, com máxima aos 125.370,54 pontos. Só Petz ON (-0,80%) e Braskem PNA (-0,07%) cediam, de um total de 87 papéis.