SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa operava estável em volátil pregão nesta quinta-feira, véspera de feriado, diante de queda em Wall Street, com dados do mercado de trabalho norte-americano sob os holofotes e novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

B3 e Bradesco pressionam negativamente, e Ambev e Prio são as principais influências positivas.

Às 11:29 (de Brasília), o Ibovespa operava estável, a 100.976,81 pontos, tendo batido 101.627,96 pontos na máxima e 100.598,25 pontos na mínima. O volume financeiro da sessão somava 4 bilhões de reais. O índice caminhava para encerrar a semana com queda de quase 1%.

O índice trocou de sinal algumas vezes durante a sessão até agora, à medida que o impacto do cenário externo se juntava com novos fatos internos e menor volume de negociações.

O número de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos na semana passada veio maior do que o mercado esperava, conforme divulgado nesta manhã, o que pesou em Wall Street, tendo elevado preocupações com a economia norte-americana. O S&P 500 chegou a bater, na mínima, recuo de 0,5% na sessão, mas já recuperou algum terreno e tinha leve queda de 0,21%.

Investidores também mostravam certa cautela uma vez que, na sexta-feira, quando o mercado de ações em Nova York estará fechado, será publicado o relatório de emprego dos EUA, com o importante dado de abertura de vagas fora do setor agrícola.

Paralelamente, no Brasil, os agentes financeiros permaneciam atentos a possíveis anúncios sobre medidas para aumentar as receitas do governo.

Nesta manhã, Haddad afirmou à Band News TV que a queda da taxa de juros será consequência do novo arcabouço fiscal anunciado na semana passada e da reforma tributária que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer aprovar no Congresso Nacional. Além disso, ele disse que “jabutis” tributários que foram criados ao longo dos anos têm sugado o Orçamento do Estado brasileiro.

“Quando Haddad está falando, fica essa volatilidade toda”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que o volume mais baixo do que a média do ano em pregões recentes também ajuda a tornar o pregão mais volátil.

As declarações ocorrem em momento que investidores aguardam ansiosos por potenciais medidas para aumentar as receitas do governo, já que essa é uma peça-chave para o arcabouço fiscal proposto.

Colunistas que participam de encontro com Lula nesta manhã também divulgaram declarações do presidente nesta manhã, que eram monitoradas pelos investidores. Ele teria dito que os próximos nomes que indicará para diretorias do Banco Central serão de pessoas que defendem os interesses do governo, relatou a comentarista de política e economia da GloboNews Julia Duailibi, que participou do encontro, em sua conta no Twitter.

DESTAQUES

– 3R PETROLEUM ON aumentava 2,85%, a 28,47 reais. A petrolífera divulgou na noite da véspera que suas reservas provadas no final do ano passado eram de 367,2 milhões de barris equivalentes de petróleo, contra 376,6 milhões um ano antes. Analistas do BTG Pactual disseram que o relatório veio melhor do que o temido pelo mercado. PRIO ON ganhava 2,8%, tendo de pano de fundo o início de operação de poço no Campo de Frade com produção acima da prevista.

– ITAÚ UNIBANCO PN operava com variação negativa de 0,45%, a 24,38 reais e BRADESCO PN estava 1,21% no vermelho, a 13,06 reais.

– AZUL PN cedia 2,04%, a 10,58 reais, enquanto GOL PN caía 1,15%, a 6,01 reais, em meio à alta do dólar frente ao real e após a Gol divulgar dados operacionais na véspera.

– VALE ON mostrava variação negativa de 0,12%, a 76,8 reais, com a queda do minério de ferro na Ásia após dados de demanda por aço mais fracos do que o esperado. O contrato futuro da commodity para setembro em Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 1%, em uma mínima de duas semanas de 793 iuanes (115,35 dólares) a tonelada.

– PETROBRAS PN caía 0,25%, a 24,29 reais, enquanto o petróleo operava próximo da estabilidade. Durante a semana, a ação da companhia chegou a sofrer com impacto de declarações de membro do governo sobre potenciais mudanças na política de preços da estatal, que negou ter recebido propostas sobre o assunto.

(Por André Romani)

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