Acompanhando as bolsas internacionais, a Bovespa não conseguiu sustentar nesta quinta-feira, 21, o bom desempenho das duas últimas sessões. O Ibovespa fechou em queda de quase 3% e voltou ao patamar de 70 mil pontos. Segundo analistas, a correção foi reflexo principalmente da tensão comercial entre Estados Unidos e China e do resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que veio acima das expectativas. O noticiário corporativo também trouxe influência negativa para o índice, devido às quedas expressivas de algumas blue chips, como Petrobras e Eletrobras.

O Ibovespa fechou o pregão em queda de 2,84%, aos 70.074,89 pontos. Apesar da perda, o volume financeiro não foi expressivo, chegando a R$ 8,68 bilhões.

Com o resultado desta quinta, o Ibovespa chegou perto de anular os ganhos acumulados nos últimos dois dias (+3,31%). Na mínima do dia, à tarde, o índice chegou aos 70.018,65 pontos (-2,92%).

Embora o piso psicológico dos 70 mil pontos não tenha sido rompido, análises gráficas apontam que a tendência de curto prazo continua a ser de queda. Segundo a corretora Itaú BBA, o próximo suporte gráfico está localizado nos 69.600 pontos.

“A bolsa refletiu ao longo de todo o dia hoje o comportamento externo. A percepção de risco deixou o ambiente mais negativo para a Bovespa. Além disso, voltou nesta quinta-feira a tensão em torno da disputa comercial entre Estados Unidos e China, principalmente por conta dos comentários do secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, que dão mais munição à guerra”, disse Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

Os investidores, segundo um operador, ficaram, de certa forma, decepcionados com o resultado das votações de projetos importantes na Câmara, como a cessão onerosa para a Petrobras, o PL das distribuidoras da Eletrobras e ainda o cadastro positivo para os bancos. O plenário aprovou o projeto de lei da cessão onerosa, mas os destaques ficaram de fora e as emendas podem fazer o texto mudar.

Com isso, as ações da Petrobras perderam bastante. Os papéis ON fecharam com redução de 5,01% e PN teve queda de 6,85%. O comportamento das ações refletiu também a queda no preço do petróleo e a expectativa em torno do resultado do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre a maior ação trabalhista da Petrobras.

As ações da Eletrobras lideraram as baixas do Ibovespa neste pregão, com queda de 8,30%, enquanto os papéis PNB tiveram queda de 7,07%. O problema, nesse caso específico, foi novamente a falta de perspectiva sobre a venda das distribuidoras. Acompanhando a desvalorização do minério de ferro, as ações ON da Vale fecharam o pregão com queda de 3,23% sobre o fechamento de quarta.