O mercado acionário doméstico abriu a semana em marcha lenta. Em um pregão de liquidez muito reduzida (R$ 11 bilhões), o Ibovespa oscilou cerca de 800 pontos entre a máxima e a mínima, sempre no patamar dos 104 mil pontos. Com diminuição das perdas na reta final dos negócios, o principal índice da B3 encerrou esta segunda-feira em queda de 0,17%, aos 104.637,82 pontos.

Segundo operadores, preocupações com a desaceleração da economia global, em meio a dados fracos da zona do euro e ao impasse comercial entre China e Estados Unidos, mantêm os investidores na defensiva. Por aqui, tanto a aprovação da reforma da Previdência no Senado (mesmo que com algum atraso e certa desidratação) quanto o ambiente de juros menores já estão, em grande parte, refletidos nos preços das ações. A ata do Copom e o IPCA-15 de setembro, que serão divulgados nesta terça, devem corroborar o quadro de inflação comportada e espaço para mais cortes da taxa Selic.

Além disso, nesta terça haverá a votação da nova versão do parecer do relator da Previdência, Tasso Jereissati (PSDB-CE), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A votação no plenário da Casa está marcada para quarta-feira, 25. Investidores também devem monitorar nesta terça o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, após o desgaste na imagem do país por conta dos atritos com países europeus no caso das queimadas na Amazônia.

“É uma semana de definições, o que traz cerca cautela. A redução dos juros, que deveria animar a bolsa por conta da expectativa de migração de recursos para a renda variável, não teve grande efeito. Há muita preocupação com essa questão da guerra comercial entre China e Estados Unidos”, afirma Ariovaldo Ferreira, gerente da mesa de renda variável da H. Commcor. “Sem fatos novos positivos, é difícil o índice deixar essa faixa entre 104 mil e 105 mil pontos”, acrescenta.

Analistas observam que, na ausência de propulsores para um novo movimento ascendente do índice, investidores apenas promovem rotação de carteiras entre setores. Depois de sustentarem a alta do índice na sexta-feira, os papéis dos bancos pesaram sobre o mercado no pregão. A ação PN do Itaú caiu 0,32%. A PN do Bradesco, que operou em queda ao longo da tarde, virou na reta final e fechou em alta de 0,20%. Mesmo assim, Índice Financeiro (IFNC) amargou queda de 0,37%.

Papéis de consumo e imobiliárias também tombaram, com as ações das Lojas Renner – que representam cerca de 2,15% da carteira teórica do Ibovespa – amargando queda de 1,30%. Destaque negativo também para a queda de 2,05 dos papéis ON da Embraer (o quarto maior tombo dentro do índice), na esteira da notícia de que a Comissão Europeia de Competição vai instaurar um amplo estudo para checar práticas anticompetitivas após a oferta da Boeing pela divisão comercial da Embraer.

A queda do Ibovespa só não foi maior nesta segunda-feira por conta da alta das ações da Petrobras – PN (1,78%) e ON (0,43%) -, impulsionadas pelo avanço, embora moderado, dos preços internacionais do petróleo, e pela notícia de antecipação de R$ 8,4 bilhões dos recebíveis da Eletrobras.