As dúvidas sobre o ritmo em que pode se dar a condução da política monetária nos Estados Unidos voltaram a pairar e influenciaram o apetite por risco dos investidores para o mercado acionário local nesta segunda-feira, 23. Em um dia de volatilidade, o Ibovespa abriu a sessão de negócios em queda, passou para o terreno positivo no início da tarde, para fechar próximo da estabilidade em leve alta de 0,06%, aos 85.602,49 pontos. Durante o pregão de hoje, o índice à vista oscilou entre a mínima de 84.710 pontos e a máxima de 85.745 pontos.

Na avaliação de Eduardo Guimarães, da Levante Ideias de Investimento, a valorização de cerca de 10% do petróleo em apenas dez dias fez com que analistas e investidores começassem a pensar na possibilidade de pressão inflacionária nos Estados Unidos. E, com isso, a necessidade de o Federal Reserve elevar os juros mais vezes do que o precificado. “Nossa visão é que essa alta seja temporária, e, não, estrutural. Pode ser um choque de oferta momentâneo. Mas, apesar de o Fed estar sendo bem parcimonioso, acende a luz amarela”, diz.

Hoje os contratos futuros de petróleo fecharam novamente em alta, invertendo a trajetória de desvalorização vistas durante a manhã, com os investidores de olho na cena geopolítica, incluindo tensões crescentes entre a Arábia Saudita e rebeldes iemenitas e entre os Estados Unidos e o Irã. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para entrega em junho fechou em alta de 0,35%, a US$ 68,64 por barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do petróleo Brent para o mesmo mês avançou 0,88%, a US$ 74,71.

Essa virada da commodity influenciou a bolsa por aqui, levando o papel da Petrobras PN a valorizar 0,54% e, juntamente com os ganhos de blue chips do setor bancário, como Itaú Unibanco PN (+0,18%) e as units do Santander (+0,90%), ajudaram o Ibovespa para um positivo próximo da estabilidade. Ainda neste grupo, Bradesco PN fechou em queda de 0,03% e Banco do Brasil ON desvalorizou 1,81%. Vale ON recuou 0,27% na contramão do minério de ferro, que subiu quase 1% no porto de Qingdao, na China.