Ibovespa fecha em baixa de 0,12%, aos 134,5 mil pontos, com giro bem enfraquecido

O Ibovespa teve mais uma sessão de variação relativamente estreita, inferior a mil pontos entre a mínima (133.874,43) e a máxima (134.836,72, +0,13%) do dia, em que saiu de abertura aos 134.664,19 pontos. Ao fim, marcava 134.510,85 pontos, pouco abaixo da estabilidade (-0,12%), com giro enfraquecido como na quarta-feira, nesta quinta-feira, 21, ainda menor, a R$ 15,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 1,34%, limitando o ganho do mês a 1,08%. No ano, o índice da B3 sobe 11,83%.

O dia foi misto para as ações de primeira linha, com as do setor bancário predominantemente em baixa após a recuperação parcial vista na quarta-feira no segmento. As principais ações de commodities também não apresentaram tendência única nesta quinta-feira: Vale ON teve alta de 0,85% e as de Petrobras, baixa de 0,09% na ON e ganho de 0,23% na PN no fechamento.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Braskem (+3,79%), RD Saúde (+2,01%) e Motiva (+1,92%). No campo oposto, Yduqs (-6,03%), Porto Seguro (-3,48%), Cemig (-3,19%) e Auren (-2,60%). Entre as maiores instituições financeiras, as variações no fechamento ficaram nesta quinta-feira entre -0,86% (BB ON) e +0,11% (Itaú PN). BTG caiu 0,95%.

“A sessão foi marcada por certa cautela e aversão a risco, globalmente, o que resultou em pressão dos juros futuros de fora sobre os do Brasil, com câmbio também sentindo o efeito do exterior, ante expectativas mais hawkish para o viés da política monetária dos Estados Unidos nas próximas reuniões, a começar pela de setembro”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus. Spiess menciona as declarações recentes de diversos representantes do BC dos Estados Unidos às véspera do aguardado pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na sexta-feira, 22, no simpósio anual de Jackson Hole.

Nesse contexto, o mercado reduziu as apostas em um corte nos juros pelo Fed na reunião de setembro, após diversos presidentes de distritais do BC americano, como Beth Hammack (Cleveland), Raphael Bostic (Atlanta) e Jeffrey Schmid (Kansas City), indicarem uma abordagem mais dura, hawkish, em relação à política monetária.

Em outro desdobramento nesta quinta-feira, o conselheiro econômico da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que Powell é tão contra o presidente dos EUA, Donald Trump, que “chega a ser perturbador”. Durante fala a jornalistas na Casa Branca, Navarro também apontou que todas as últimas decisões do presidente do Fed foram tomadas para favorecer integrantes do Partido Democrata. “Ele é uma causa perdida”, acrescentou.

No quadro doméstico, Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, destaca mais um dia muito difícil para o setor de bancos, dando prosseguimento ao ambiente geral de incerteza quanto à possibilidade de sanções e multas “de fora”, relacionadas à recente decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela não aplicabilidade imediata da Lei Magnitsky, dos EUA, ao sancionado colega Alexandre de Moraes. “O embate, agora, é briga dentro e fora de casa”, enfatiza o especialista.