Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa caiu mais de 2% nesta sexta-feira, fechando abaixo dos 112 mil pontos e acumulando a primeira perda semanal em um mês, com dúvidas sobre o rumo da política monetária nos Estados Unidos corroborando movimentos de realização de lucros no pregão paulista após cinco altas seguidas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,04%, a 111.496,21 pontos, terminando a semana com declínio de 1,13%. No mês, contudo, ainda mostra avanço de 8,08%. Em 2022, sobe 6,37%.

O volume financeiro na bolsa somou 28,3 bilhões de reais, em sessão também marcada pelo vencimento de opções sobre ações.

Após um rali recente nos mercados na esteira de dados mostrando certo alívio no comportamento dos preços nos EUA, em um contexto de mercado de trabalho saudável, dúvidas sobre a velocidade do aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) voltaram a pressionar o sentimento de investidores.

De acordo com o estrategista de multimercados da Trópico Investimentos, Fernando Maluf, o mercado teve uma leitura mista da ata da última reunião de política monetária do Fed sobre os próximos movimentos de altas de juros nos EUA e sobre o fôlego da economia norte-americana.

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O mercado, na visão de Maluf, vem mostrando um temor crescente com a dificuldade de o Fed conter uma possível recessão, o que deixa investidores em alerta quanto a uma eventual resposta do banco central norte-americano menos restritiva, que “poderia gerar uma nova onda inflacionária nos EUA”.

Em Nova York, o S&P 500 fechou em baixa de 1,29%, enquanto os rendimentos dos títulos da dívida norte-americana avançaram.

Várias autoridades do Fed afirmaram na quinta-feira que o banco central dos EUA precisa continuar aumentando os custos dos empréstimos para domar o mais intenso ritmo de alta dos preços em décadas, mas há um debate sobre qual deve ser a rapidez do aperto e o nível final dos juros.

“Mesmo com um pano de fundo doméstico indicando um possível final do ciclo de alta da Selic e alívio na pressão inflacionária, o mercado local não deixou de sofrer com a sangria lá fora, que impacta o prêmio de risco dos ativos”, acrescentou Maluf.

Nesse contexto, um dos focos na próxima semana estará nos comentários do chair do Fed, Jerome Powell, em discurso na conferência anual global de bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming, em 26 de agosto.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN desabou 5,06%, a 31,73 reais, após renovar máximas históricas na semana, com o declínio do petróleo corroborando a realização de lucros. Em agosto, contudo, a ação sobe 14,1%. Acionistas da Petrobras aprovaram nesta sexta-feira oito membros do conselho de administração da companhia, disseram fontes à Reuters. [nL1N2ZV1M3]

– VALE ON caiu 1,12%, a 66,96 reais, uma vez que os contratos futuros de minério de ferro caíram nas bolsas de Dalian e Cingapura, com aumento da preocupação sobre a demanda na China à medida que a economia do país vacila.

– ITAÚ UNIBANCO PN recuou 1,37%, a 26,64 reais, e BRADESCO PN perdeu 1,26%, a 19,61 reais, também sofrendo com o movimento mais vendedor no pregão como um todo.

– MRV ON fechou em baixa de 7,28%, a 9,8 reais, mais uma vez entre os destaques negativos, refletindo movimentos de correção após forte valorização no começo de agosto, em trajetória acompanhada por outros papéis sensíveis a justos, como os do setor de tecnologia e varejo. LOCAWEB ON caiu 7,72% e MAGAZINE LUIZA ON cedeu 6,2%.

– MINERVA ON avançou 2,55%, a 14,88 reais, entre as poucas altas da sessão. Analistas do Goldman Sachs disseram que a mensagem positiva para a companhia foi reiterada nesta sexta-feira em encontro anual dos executivos da Minerva com investidores.


– FLEURY ON encerrou com acréscimo de 0,37%, a 16,31 reais. A empresa de medicina diagnóstica e a rival Hermes Pardini disseram na quinta-feira que seus acionistas aprovaram a combinação de negócios.

– IRB BRASIL RE ON subiu 1,85%, a 2,2 reais, buscando se manter acima dos 2 reais, após o tombo na sequência do resultado do segundo trimestre, quando chegou a 1,97 real no pior momento. Agentes financeiros seguem na expectativa de um potencial aumento de capital pela resseguradora.

– STONECO desabou 22,3%, a 9,06 dólares, em Nova York, após prejuízo de 489 milhões de reais no segundo trimestre, bem como projeções para o terceiro trimestre e saída do diretor financeiro. O tombo fez seu valor de mercado cair abaixo do da rival Cielo.

(Por Paula Arend Laier; edição de André Romani)

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