Ibovespa cai com perspectiva econômica e situação fiscal no radar; setor de saúde pesa

SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira caía nesta segunda-feira, com pressão das ações ligadas ao setor de saúde e temores em relação às questões domésticas fiscais e inflacionárias. As bolsas em Wall Street tinham desempenho sem direção comum.

Às 12:12, o Ibovespa caía 0,14%, a 112.086,01 pontos. O volume financeiro da sessão era de 7,4 bilhões de reais.

O Ibovespa iniciou a semana em queda, após subir por quatro semanas seguidas, a maior sequência desde um ciclo de sete altas semanais encerrado em dezembro de 2020.

Alguns indicadores macroeconômicos negativos divulgados pela manhã mostravam um cenário desafiador para a economia brasileira.

A pesquisa semanal Focus do Banco Central mostrou elevação de expectativas de economistas para a inflação em 2022 de 5,38% para 5,44%.

Além disso, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da FGV, subiu acima do esperado em janeiro, enquanto a indústria automobilística teve desempenho negativo no mesmo mês.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, lembra que a semana contará com a divulgação de uma série de indicadores importantes, “que podem trazer algumas leituras que corroborem com o cenário doméstico mais amargo”.

O dado fechado da inflação oficial do país em janeiro será divulgado na quarta-feira, assim como a pesquisa de vendas no varejo relativa a dezembro. A ata da última reunião de política monetária do BC sai na terça-feira e o indicador de atividade econômica IBC-Br, na sexta-feira.

O mercado também mantinha preocupação com as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) sobre a redução de alíquotas que incidem sobre os combustíveis. As propostas surgiram na semana passada, tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados, e tinham efeito na arrecadação estimados entre 54 bilhões de reais e 100 bilhões anualmente, o que assustou investidores.

No cenário corporativo, a divulgação de sinergias entre as operadoras de saúde Hapvida e a Intermédica, que estão no trecho final de conclusão de combinação de negócios, pesava sobre suas ações e ajudava a pressionar o índice.

A temporada de balanços local começa a ganhar maior tração nesta semana e deve movimentar o mercado de ações.

Com esses temas no pacote, a economista da Reag diz que a “a questão é mais local do que externa” hoje para o Ibovespa.

Nos Estados Unidos, os principais índices de ações abriram sem direção única, com o Dow Jones em queda e o S&P 500 e o Nasdaq Composite no positivo.

DESTAQUES

– HAPVIDA ON caía 6,6%, após informar estimativa de adição de 1,38 bilhão de reais a seu Ebitda até 2024 com a aquisição da rival INTERMÉDICA, cuja ações ordinárias cediam 6,6% também. A transação entre as duas companhias deve ser concluída no final desta semana.

– VALE ON subia 1%, enquanto USIMINAS PNA avançava 3% e CSN ON tinha alta de 1,8%, após os contratos futuros do aço e do minério de ferro negociados na China saltarem na volta das negociações no país após o feriado do Ano Novo Lunar.

– BB SEGURIDADE ON subia 4%, depois de registrar um lucro líquido de 1,226 bilhão de reais no quarto trimestre de 2021, melhor resultado trimestral desde sua oferta pública inicial de ações, impulsionada por um forte desempenho da Brasilprev. A companhia também divulgou projeções de crescimento para seu resultado em 2022 e anunciou distribuição de dividendos.

– OI ON, que não está no Ibovespa, desabava 10,4%, enquanto TELEFÔNICA BRASIL ON caía 1,3% e TIM ON cedia 1,1%. Os recuos dos papéis ocorrem após o Ministério Público Federal se manifestar contrariamente à uma potencial autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica para a venda dos ativos móveis Oi para as rivais TIM, Telefônica Brasil e Claro. O negócio deve ser julgado na quarta-feira pelo tribunal da autarquia.

– PETROBRAS PN e ON caíam 0,7% cada, diante da queda do petróleo, com sinais de progresso nas conversas entre EUA e Irã. Os avanços nas negociações poderiam levar a retirada de sanções norte-americanas às vendas da commodity pelo Irã.

(Por Andre Romani)