O desconforto com a política tarifária dos Estados Unidos continuou no período da tarde desta segunda-feira, 7, respaldado tanto pela tese de que traria consequências nocivas para a economia global quanto pelo alto grau de incerteza que ainda permeia o assunto. Investidores comentam que o mercado parece estar “à deriva” e negociando em torno de ruídos, sendo que por ora a aversão a risco predominou e o Ibovespa caiu pelo terceiro pregão consecutivo.
Segunda ação com mais peso na carteira teórica, Petrobras fechou em queda de 5,57% (ON) e 3,97% (PN).
A estatal perdeu R$ 23 bilhões em valor de mercado com a queda do barril de petróleo e após notícia da CNN Brasil de que Silveira teria apresentado à Petrobras argumentos para reduzir o preço dos combustíveis, em especial do diesel, jogando novamente luz ao risco de interferência do governo na companhia.
A informação foi confirmada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), cujas fontes mencionaram que “com respeito à governança da Petrobras, o governo avalia viabilidade para redução de preços”.
O principal índice da B3 fechou em queda de 1,31%, aos 125.588,09 pontos, após grande volatilidade: mínima aos 123.876,24 pontos (-2,66%) e máxima aos 128.410,57 pontos (+0,91%). O giro financeiro foi acima da média, a R$ 43,7 bilhões.
“A volatilidade, mesmo com um volume financeiro alto, é porque o mercado ainda tem dúvidas. É difícil conseguir desenhar qualquer cenário, porque ainda tem possibilidade de renegociações sobre as tarifas. A impressão é de que todo mundo está meio à deriva: não tem um direcionamento de para onde vai. O mercado está refém de notícias”, avalia o analista de ativos da corretora Monte Bravo, Bruno Benassi.
A alta pontual esboçada pelo Ibovespa veio na esteira do rumor de que o governo americano suspenderia por 90 dias as tarifas de importação para todos os países, com exceção da China. Mas logo em seguida a Casa Branca negou e, assim, o índice se firmou no negativo desde o começo da tarde.
Considerando a negativa da Casa Branca, o mercado entende que no cenário de curtíssimo prazo a política tarifária será aplicada, segundo o head de Renda Variável na W1 Capital, Tales Barros. “Com a imposição de tarifas, a expectativa é de que o crescimento da economia global será potencialmente menor, com risco de uma reação em cadeia dos 185 países taxados, e a inflação será maior. Então tudo isso tem servido a uma movimentação de aversão a risco global”, explica.