O Ibovespa testou leve alta perto das 16h, mas, com giro financeiro ainda fraco, não encontrou fôlego para cortar a acomodação que tem prevalecido em julho, após o sprint do mês anterior. No fechamento desta quarta-feira, à espera de vetores que orientem os negócios – especialmente a decisão sobre a taxa de juros dos Estados Unidos, na próxima semana -, o índice da B3 mostrava perda de 0,25%, aos 117.552,07 pontos, entre mínima de 116.659,55 e máxima de 118.011,46 pontos (+0,14%), saindo de abertura aos 117.841,92.

Com agenda esvaziada aqui e no exterior, o giro ficou em R$ 21,7 bilhões na sessão, um pouco acima do visto desde a última segunda-feira. Na semana, o Ibovespa passa no fechamento de hoje do positivo ao negativo (-0,13%), colocando as perdas do mês a 0,45%. No ano, o índice avança 7,12%.

“O mercado de dólar caiu um pouquinho hoje, mas ainda trabalhando em torno da casa de R$ 4,80 que corresponde à atual situação macroeconômica. A Bolsa, por sua vez, foi aos 116 mil pontos do Ibovespa, na mínima, que ainda é uma grande barreira – aos 116, 117 mil -, patamar para o qual o índice tem retroagido há quase um ano, com realização acima desse nível ainda no momento”, diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Ele acrescenta que, na ausência de outros catalisadores de peso, o mercado observa certa acomodação à espera da muito aguardada decisão do Federal Reserve sobre juros, na próxima quarta-feira. “Os números desta semana sobre a atividade americana, com dados de varejo e emprego abaixo do esperado, mostram que o ‘efeito juros’ está entrando na economia, mas é preciso esperar um pouco para entender como o Fed está lidando com isso”, diz.

O economista aponta que o mercado se mantém dividido em relação ao que pode acontecer com os juros nos Estados Unidos, considerando que os balanços corporativos do segundo trimestre, divulgados até o momento, têm mostrado solidez, com resultados em geral acima das expectativas.

Nesta quarta-feira na B3, dentre as ações de maior peso e liquidez, Petrobras (ON +0,56%, PN +0,94%) deu algum amparo ao Ibovespa, na contramão do leve ajuste negativo nos preços da commodity na sessão. Na ponta do índice, destaque para WEG (+5,48%), Cielo (+2,58%), 3R Petroleum (+2,24%) e Prio (+2,22%), com Alpargatas (-7,66%), Pão de Açúcar (-4,62%), Méliuz (-4,27%) e Locaweb (-4,07%) no lado oposto.

“Os resultados trimestrais da WEG deram impulso às ações da empresa, em sessão que contou também com outro destaque corporativo, os dados de produção e vendas da Vale, da noite anterior”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos. Nesta quarta-feira, as ações da mineradora fecharam em leve baixa de 0,27%.

Segundo a estrategista-chefe do Inter, Gabriela Joubert, o relatório de produção e vendas da Vale, ontem, mostrou certa recuperação de resultados operacionais, e estabilidade na produção. Mas, quanto ao minério de ferro, principal produto da empresa, a analista aponta que a demanda na China continua fraca, o que mantém patamar desafiador para a comercialização da commodity. “Reduzimos nossas projeções de vendas para o ano, uma vez que a demanda na China deve limitar a recuperação do volume vendido no segundo semestre de 2023”, diz.

No quadro macro, mais à frente, há alguns fatores que podem resultar em volatilidade na B3, uma vez encerrado o recesso do Congresso, no começo de agosto. “Os principais pontos de debate e incerteza no mercado, por aqui, devem vir com a segunda parte da reforma tributária, que deve tratar de tributação sobre dividendos, mudanças no IRPJ, além de novas revisões da tabela de IRPF e outros temas relacionados à tributação de renda”, observa Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.