Após operar indefinido mais cedo, o Ibovespa ganhou tração e retomou a marca dos 127 mil pontos da máxima intradia na manhã desta sexta-feira, 31. O avanço coincide com a melhora dos índices futuros de ações em Nova York e dos rendimentos dos Treasuries, em meio a falas da dirigente do Federal Reserve Michelle Bowman. Já o dólar ante o real ia para o campo da queda, com mínima em R$ 5,8121 (-0,70%) há pouco.
Diante de sinais de cautela do presidente do Fed, Jerome Powell, depois que o banco central decidiu manter os juros na quarta-feira, hoje a dirigente disse os futuros ajustes em cortes de juros serão graduais. Ao mesmo tempo, investidores se debruçam em alguns indícios de arrefecimento da atividade no Brasil a partir da taxa de desemprego.
“A atividade começa a ganhar uma relevância maior dado todo o aperto monetário. Há algum sinal de desaceleração. Ver se isso será uma tendência, será importante para ver até onde o Banco Central poderá levar a Selic”, avalia Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
A taxa de desemprego no trimestre até dezembro no teto das projeções (6,2%) atrai as atenções, em meio a sinais de desaquecimento da atividade que podem impedir a Selic de ficar elevada por um período prolongado. Assim, alguns vencimentos dos juros futuros têm viés de baixa.
Apesar do recuo do dólar ante o real, o mercado monitora a confirmação de tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá a partir de amanhã, pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ele voltou a ameaçar a China. Além disso, prometeu taxar em 100% os produtos vindos dos países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul sendo os principais – caso o bloco dê prosseguimento à ideia de criar uma moeda própria para substituir o dólar no comércio exterior.
No Brasil, além de acompanhar o panorama externo, os agentes seguem digerindo os sinais emitidos pelo Banco Central e pelo governo na questão da política monetária, pontua Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Na avaliação do economista, a maior preocupação com a atividade trazida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira elevou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, abre margem para o debate de uma extensão menor do ciclo. Pelo menos isso, ontem, pontua, ajudou a reduzir as taxas dos contratos de depósito interfinanceiro (DI) curtas e médias.
“O ministro Haddad deu um recado sobre o tema, ao citar que o remédio não pode ser excessivo”, afirma Campos Neto em relatório, ao referir-se a afirmações feitas pelo ministro da Fazenda ontem em entrevista à Rede TV!.
Ao mesmo tempo, as ações da Petrobras tendem a ficam no foco, em meio ao reajuste já esperado nos preços dos combustíveis a partir de amanhã, devido ao aumento do ICMS sobre esses produtos. Ao mesmo tempo investidores monitoram eventuais notícias sobre outros possíveis aumentos por conta da defasagem com os valores no exterior.
Ontem, o Ibovespa fechou com alta de 2,82%, aos 126.912,78 pontos, caminhando para fechar janeiro com valorização na casa dos 6% após queda de 4,79% em janeiro do ano passado.
Às 11h09 desta sexta, subia 0,41% aos 127.452,92 pontos, depois de avançar 0,44%, na máxima aos 127.476,29 pontos. Na mínima atingiu 126.782,70 pontos, com recuo de 0,10%. Vale reduzia a queda a 0,31% e ações de bancos ganhavam tração, com Bradesco PN, por exemplo, subindo quase 2%. Petrobras subia entre 0,19% (PN) e 0,34% (ON). Vibra ON puxava o grupo das quedas (-1,69%) e Brava, das altas (3,64%), com o petróleo avançando no exterior.