Após uma manhã de instabilidade, o Ibovespa pegou carona na aceleração dos ganhos das bolsas americanas ao longo da tarde e conseguiu emendar o segundo dia consecutivo de valorização. Com renovação de sucessivas máximas na última hora de negócios nesta sexta-feira, o principal índice da B3 encerrou a sessão desta sexta-feira (4) em alta de 1,02%, aos 102.551,32 pontos. A despeito da recuperação de quinta e desta sexta, o Ibovespa amargou desvalorização de 2,40% na primeira semana de outubro.
No exterior, os índices em Wall Street renovaram máximas ao longo da tarde, com altas superiores a 1%, em meio à expectativa de que o Federal Reserve adote mais estímulos monetários. Em evento nesta tarde, o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que a economia americana está em um “bom lugar” e que a tarefa da autoridade monetária é mantê-la “crescendo o máximo de tempo possível”.
Mais cedo, o relatório de emprego dos Estados Unidos, o chamado ‘payroll’, mostrou que foram geradas 136 mil vagas em setembro, abaixo da mediana das estimativas, de 150 mil. A taxa de desemprego, contudo, caiu para 3,5%, o menor nível desde dezembro de 1969. Os números do mercado de trabalho desautorizaram a avaliação de que a economia americana caminha fatalmente para a recessão, como poderiam sugerir dados da indústria e serviços divulgados nos últimos dias.
“Com esse número do mercado de trabalho, o Fed poderia ter um tom mais neutro. Mas Powell fez um discurso que animou as bolsas em Nova York”, afirma um experiente gestor de recursos, que prefere não ter seu nome citado.
Para o gerente da mesa de renda variável da corretora H. Commcor, Ariovaldo Ferreira, o comportamento do Ibovespa não representa uma tendência firme de valorização. Trata-se mais de uma recuperação parcial das perdas nos primeiro três pregões da semana. “A alta mais forte de NY ajudou o Ibovespa e fez muita gente correr para zerar posição vendida”, diz.
Ferreira ressalta que não há notícias positivas no front interno para dar impulso aos negócios. Investidores ainda seguem ressabiados com o possível atraso da votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado e o impasse em torno da divisão dos recursos do leilão do pré-sal entre Estados e municípios.
O mercado acionário local foi sustentado nesta sexta-feira por ganhos de 2,53% das ações ON da Vale, além da alta firme das siderúrgicas, na esteira da assinatura, quinta à noite, do acordo comercial para o setor automotivo entre Brasil e Argentina. Ações de consumo e varejo também contribuíram para a valorização do índice, sobretudo o papel da PN da Ambev, com alta de 3,39%. Outras empresas do setor também tiveram ganhos expressivos, caso da Raia Drogasil (+6,22%) e do ON do Magazine Luiza (+3,97%).
O desempenho do Ibovespa poderia ser ainda melhor não fossem as perdas das ações da Petrobras (PN -0,86% e ON, -0,93%), mesmo diante da valorização do petróleo no mercado internacional. Entre as razões para o tombo da Petrobras, segundo analistas, estaria a ação popular de funcionários da empresa pedindo que a petroleira cubra rombo de quase R$ 3 bilhões em seu fundo de pensão, o Petros.