O setor de serviços depende do avanço da imunização da população contra a covid-19 para engatar uma recuperação mais consistente, apontou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na passagem de fevereiro para março, o volume de serviços prestados no País recuou 4,0%, após ter avançado 4,6% no mês anterior.

“Dadas as medidas restritivas, dado o aumento de casos de covid e número de óbitos, ainda há algum tipo de impedimento de funcionamento das empresas de caráter presencial. Isso dificulta uma recuperação mais acelerada do setor de serviços nesse momento”, justificou Lobo.

O pesquisador do IBGE lembra que o mês de março teve uma série de decretos com medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus, o que abalou o desempenho de segmentos de serviços de caráter presencial, como restaurantes, hotéis, transporte aéreo e transporte rodoviário coletivo.

“Todos esses serviços de caráter presencial trazem as perdas mais intensas desde abril de 2020”, pontuou.

O destaque de março ante fevereiro foi o tombo de 27,0% nos serviços prestados às famílias, mas também houve perdas nos transportes (-1,9%) e nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,4%). Os avanços ocorreram nos setores de informação e comunicação (1,9%) e de outros serviços (3,7%).

“Um bom termômetro de como anda a parte de serviços presencial é olhar um pouco as atividades turísticas, que em março mostraram queda bastante acentuada”, observou Lobo.

O agregado especial de atividades turísticas recuou 22,0% em março ante fevereiro, precisando crescer 78,7% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado, no pré-pandemia.

Na média global, o setor de serviços chegou a março 2,8% aquém do pré-pandemia, depois da melhora registrada em fevereiro. Lobo ponderou que a adaptação de empresas à crise sanitária limitou a magnitude das perdas recentes e que as restrições de março de 2021 foram mais suaves que as de março de 2020.

No entanto, a retomada mais consistente dos serviços “só vai acontecer quando tiver ao menos um porcentual maior de pessoas vacinadas”, defendeu Lobo, lembrando que o avanço da imunização da população brasileira reduzirá a necessidade de medidas restritivas. “(A vacinação servirá) Para que os próprios consumidores desses serviços possam se sentir mais confiantes e usufruir novamente desse tipo de serviço”, completou.