O recuo de 3,2% no volume vendido pelos supermercados em maio ante abril puxou a queda no volume vendido pelo varejo no período, mas também houve mau desempenho em setores que costumam se beneficiar pela compra de presentes para o Dia das Mães, como vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%, que inclui as lojas de departamento), e móveis e eletrodomésticos (-0,7%). Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As vendas do comércio varejista tiveram queda de 1,0% em maio ante abril. Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, entre os fatores que explicam um Dia das Mães mais fraco este ano estão a taxa de juros em patamar elevado, que levou a uma redução na concessão de crédito para pessoas físicas, impactando as vendas no varejo.

“Grandes cadeias estão fechando lojas no Brasil inteiro. Isso tem impactado algumas atividades”, acrescentou Santos.

A queda de 1,0% nas vendas do varejo em maio ante abril foi a mais aguda desde dezembro de 2022, quando houve recuo de 2,7%. Considerando apenas meses de maio, a retração em 2023 foi a mais intensa para este período do ano desde 2018, quando houve queda de 1,8% no volume vendido.

“Há um equilíbrio entre as atividades, umas cresceram, outras caíram. Mas o que pesa é supermercados”, apontou Santos.

Os supermercados detinham, em maio, uma fatia de 46,7% do total do comércio varejista. Santos diz que o segmento também é afetado pela menor concessão de crédito, assim como pela base de comparação elevada, uma vez que as vendas do setor vinham de uma alta mais intensa em abril ante março, um avanço de 3,6%. Outro fator a impactar o setor é a inflação.

“A inflação está diminuindo, mas ela é positiva. Se você tem um rendimento nominal que não cresce, você continua perdendo cada vez mais para a inflação”, observou Santos.

O pesquisador do IBGE considera ainda que pode haver uma evasão de consumo no comércio varejista para o consumo em serviços, contribuindo para o “fôlego menor para o Dia das Mães”.

“A influência de Dia das Mães foi diminuída (no varejo em maio)”, resumiu Santos.

Na direção oposta, as quatro atividades com expansão em maio ante abril foram farmacêuticos e perfumaria (2,3%), livros e papelaria (1,7%), combustíveis (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%).

“Farmacêuticos crescem muito por conta dessa parte de cosméticos e perfumaria, produtos que são consumidos por conta do Dia das Mães”, ponderou. “A aparelhos eletrônicos é o que impacta equipamentos para informática e comunicação”, acrescentou.

No comércio varejista ampliado – que agora inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício – houve retração de 1,1% em maio ante abril. O segmento de veículos registrou alta de 2,1%, enquanto material de construção caiu 0,9%.

“Houve também redução de crédito para aquisição de veículos por pessoa física. Então as locadoras é que acabam contribuindo para o resultado positivo de veículos”, contou Santos.

Ainda não há divulgação de dados individuais para o atacado de produtos alimentícios na série com ajuste sazonal, por ser necessária uma série histórica mais longa.