Rio, 10 – A previsão para a safra deste ano no Brasil, feita nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), supera em 9 milhões de toneladas as primeiras estimativas, de outubro do ano passado, informou o gerente de agricultura da coordenação de agropecuária do IBGE, Carlos Alfredo Guedes. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março, divulgado nesta terça, a safra 2018 vai atingir 229,3 milhões de toneladas, ante 220,2 milhões de toneladas esperadas inicialmente.
A soja lidera o crescimento acima do esperado, disse Guedes ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Ele atribui o desempenho ao clima.
“A primeira estimativa contava que o atraso do plantio da soja ia reduzir a produção, mas isso não ocorreu por causa do clima. A produção de soja está quase igual à de 2017”, avaliou. Segundo Guedes, esperava-se redução também do milho, mas isso não aconteceu – a estimativa foi revista para cima. No caso da soja, em março 1,4 milhão de toneladas foram acrescentadas ao volume previsto anteriormente. No caso do milho, mais 1 milhão de toneladas. “Choveu mais do que o esperado. Na primeira estimativa a gente trabalha com médias da chuva”, explicou.
Uma boa motivação para o aumento da safra também pode ser atribuída à alta de preços no mercado internacional. Os preços da soja e do milho reagiram à quebra da safra argentina e às tensões entre Estados Unidos e China. “A China está retaliando os Estados Unidos (que impuseram sobretaxas na importação) com ameaças à taxação da soja americana, o que pode beneficiar o Brasil”, avaliou Guedes.
Se os produtores brasileiros podem se beneficiar da guerra entre os dois países, o consumidor, no entanto, pode observar alta de preço. Guedes informa que os preços da soja e do milho já estão subindo e os produtores de aves e suínos reclamam que isso poderá afetar o valor das rações, e, consequentemente, da carne para o consumidor. “No resto está tranquilo, o feijão está com uma produção normal e a queda da produção de arroz é pequena”, informou.