O tombo recorde na atividade das indústrias de transformação no segundo trimestre, que despencaram 17,5% ante o primeiro trimestre e 20,0% em relação ao segundo trimestre de 2019 nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi puxado pelo desempenho dos setores fabricantes de bens de consumo duráveis e de bens de capital, informou a coordenadora de Contas Nacionais do órgão de estatística, Rebeca Palis.

No agregado, o PIB da indústria tombou 12,3% ante o primeiro trimestre, no pior desempenho da série histórica, iniciada em 1996. Ainda assim, as indústrias de alimentos, de fármacos e de material de limpeza tiveram desempenho positivo.

Segundo Rebeca, essas atividades apresentaram incrementos tanto na comparação com o primeiro trimestre quanto em relação ao segundo trimestre de 2019, embora o IBGE não tenha dados desagregados a esse nível das atividades.

“Na indústria de transformação, só falamos de desempenhos negativos, mas a indústria alimentar, a farmacêutica e a de limpeza, estão crescendo”, afirmou a pesquisadora.

O desempenho desses setores da indústria, mesmo diante da recessão histórica que atinge a economia brasileira, foi citado por Rebeca como exemplo do efeito amortecedor que os auxílios emergências do governo federal para mitigar a crise causada pela covid-19 tiveram sobre a o consumo das famílias.

O IBGE também não tem dados desagregados para estimar esse efeito, mas o incremento na produção de alimentos, remédios e produtos de limpeza seriam um sinal de que os auxílios evitara queda maior no consumo.

Rebeca lembrou que esses aumentos podem ser vistos nas pesquisas conjunturais do IBGE. As vendas de supermercados, por exemplo, têm tido desempenho positivo, apesar da recessão.