Não há sinais de pressão de demanda sobre os preços na inflação de abril, na visão do pesquisador Fernando Gonçalves, da Gerência de Sistema Nacional de Índices de Preços (SNIPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais cedo, o órgão informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril ficou em 0,57%, abaixo do avanço de 0,75% em março. Gasolina, remédios e alimentos, ainda que em ritmo menor do que o de março, puxaram a inflação.

Gonçalves chamou a atenção para o fato de todos esses itens terem preços controlados, como no caso dos remédios e da gasolina, ou de serem susceptíveis a choques de oferta, como os alimentos. Mesmo a alimentação fora, cuja dinâmica de prestação de serviços costuma ser sensível a pressões de demanda, não preocupa. A alta de 0,64% em abril (ante 0,10% em março) parece estar relacionada a repasse de custos com insumos, disse Gonçalves.

“A economia ainda permanece com desocupação grande (no mercado de trabalho)”, afirmou Gonçalves, lembrando que as vagas de trabalho que têm sido criadas são associadas à informalidade, com rendimentos menores.

Mesmo a aceleração da taxa do IPCA acumulada em 12 meses não sugere pressão de demanda, na visão do pesquisador do IBGE. Isso porque o acumulado em 12 meses ainda inclui a alta de 1,26% do IPCA de junho de 2018, marcada pelos efeitos secundários da greve dos caminhoneiros, deflagrada em maio do ano passado.

Para Gonçalves, foi um movimento pontual. “Quando chegar junho deste ano vamos ter uma ideia melhor do comportamento (do IPCA) em 12 meses”, disse o pesquisador.