A alta de 0,35% nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em março foi decorrente de elevações em 17 das 24 atividades pesquisadas, segundo os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No mês de março, os aumentos de preços mais acentuados ocorreram em vestuário (2,65%), outros produtos químicos (2,06%) e papel e celulose (1,92%).

Já as principais quedas ocorreram em perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,46%), extrativas (-1,04%), madeira (-0,47%) e alimentos (-0,38%).

O setor de alimentos exerceu a maior influência negativa sobre o índice nacional, ajudando a conter a inflação em -0,09 ponto porcentual. O setor de alimentos teve o terceiro resultado negativo consecutivo. Como consequência, a atividade acumula uma queda de preços de 2,21% no ano, além de um recuo de 4,36% em 12 meses. Segundo o IBGE, os alimentos apresentam queda no acumulado em 12 meses desde abril de 2023.

“O setor de alimentos teve quedas em todos os meses de 2024. A queda de -038% nem é tão significativa em termos de variação, mas é em termos de influência devido ao peso do setor, estando entre as maiores influências e a única que puxou o resultado para baixo. Tanto no mês, quanto nos acumulados em 2024 e nos últimos 12 meses percebemos menores preços em qualquer comparação. Pelo lado do produtor industrial de alimentos no Brasil, podemos falar em deflação de produtos alimentícios”, ressaltou Murilo Alvim, analista do IPP no IBGE, em nota oficial.

No caso das indústrias extrativas, a queda em março sucedeu três meses consecutivos de altas de preços.

“Apesar de o setor de petróleo ter sido importante para explicar as altas das atividades de química e de refino, o setor extrativo teve queda de 1,04% porque o produto de maior peso, o minério de ferro, teve recuo. Em janeiro, o setor extrativo teve alta de 4,64% e em fevereiro de 1,79%. A queda de março não anula os ganhos de 2024, e ainda deixa o setor extrativo como a principal variação, positiva, no acumulado do ano”, completou Alvim.

Na direção oposta, os setores que mais pressionaram o IPP de março foram outros produtos químicos (impacto de 0,16 ponto porcentual), refino de petróleo e biocombustíveis (alta de 0,93% e impacto de 0,10 ponto porcentual) e papel e celulose (impacto de 0,06 ponto porcentual).

“O principal destaque em termos de influência foi o setor químico, com alta de 2,06%. O que pautou essa alta foram os produtos derivados da cadeia de petróleo. Estamos vendo uma alta nos preços do barril de petróleo nos últimos meses, com isso há uma pressão via custos de aumento dos preços dos derivados. Isso em conjunto com um aumento da demanda, especialmente por parte da China, que está com a atividade industrial aquecida, e devido a desafios de logística no mercado externo. Também afeta os produtos derivados da nafta e de resinas e elastômeros, matérias-primas para a fabricação de materiais plásticos”, enumerou Murilo Alvim.

Quanto ao setor de papel e celulose, houve impacto da alta nos preços internacionais e de interrupções na cadeia de suprimentos e paralisação em alguns portos, retraindo a oferta mundial da celulose, apontou o IBGE.

“O Brasil é impactado ainda pela alta do dólar”, acrescentou o analista da pesquisa.