A queda de 0,09% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto não é usual para o mês dentro da série histórica do indicador, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Agosto não é mês de deflação. A deflação parece pontual. Teve a queda em passagens aéreas. Mas pode ser também um realinhamento de preços, por conta da paralisação dos caminhoneiros. Alimentos contribuíram para a queda no IPCA”, avaliou Gonçalves, lembrando que houve também queda nos combustíveis.

Os alimentos ficaram 0,34% mais baratos em agosto. Após o repique do IPCA em junho, Gonçalves acredita que o efeito da paralisação dos caminhoneiros, que resultou em bloqueio de estradas por todo o País ao fim de maio, “foi pontual e já ficou para trás”.

“Alguns alimentos estão com oferta boa, outros estão com demanda insuficiente para sustentar os preços”, justificou o gerente do IBGE. “Se a carne está um pouco mais cara, o consumidor vai trocar pelo frango ou um peixe, o que estiver mais barato e puder substituir a proteína”, completou.

Segundo ele, o endividamento das famílias ainda elevado, o alto nível de desemprego e o aumento no número de desalentados deixam os consumidores receosos para saírem às compras.

“Então as famílias têm receio de comprometer sua renda, vai segurar para ver como vai ficar o momento daqui para frente”, explicou.

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A taxa do IPCA em agosto foi a mais baixa para o mês desde 1998, quando os preços caíram 0,51%. “Nem em agosto do ano passado teve deflação no IPCA”, lembrou Gonçalves. Em agosto de 2017, a inflação foi de 0,19%.


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