O novo crescimento de 1,1% no número de brasileiros empregados não se refletiu em aumento significativo da massa salarial do País, mesmo em um cenário de estabilidade da renda média, informou a coordenadora de pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy.

Segundo a técnica, isso reflete o crescimento do perfil de novos empregos com remuneração baixa, além de aumento no número de vagas sem carteira assinada e, também, de informais.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE mostram que a população ocupada ganhou 1,1 milhão de brasileiros no segundo trimestre, alcançando 98,9 milhões de pessoas. Aumento de 1,1% na margem trimestral e de 0,7% na comparação com igual período do ano passado.

Ainda assim, a massa salarial mensal ficou em R$ 284,148 bilhões no período, avanço de apenas 1% ou R$ 2,8 bilhões ante o trimestre fechado em março, o que o IBGE considera estabilidade. Já na comparação anual houve alta notável de 7,2% no montante ou mais R$ 19 bilhões. O rendimento médio, por sua vez, ficou em R$ 2.921,00, estável (-R$ 2,00) frente ao trimestre anterior e cresceu 6,2% no ano.

Beringuy atribui o descolamento entre aumento da ocupação e massa salarial ao aumento de empregados com salários baixos, como, por exemplo, trabalhadores domésticos, contingente que avançou 2,4% do primeiro para o segundo trimestre.

Com relação ao contingente sem carteira assinada no setor privado, o IBGE registra alta de 2,4% ou mais 303 mil pessoas no segundo trimestre ante o primeiro. Já no setor público, esse contingente sem carteira assinada subiu 13,6% na mesma comparação, o equivalente a 377 mil pessoas. Esses trabalhadores sem vínculo estatutário ou pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no setor público, disse Beringuy, foram contratados sobretudo por prefeituras.

Por último, a taxa de informalidade avançou 0,2 ponto porcentual para 39,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro, embora fosse de 40,0% há um ano atrás.

“O tipo de vínculo que se destaca como responsável pelo crescimento da ocupação vem de um dos segmentos da informalidade, que é o emprego sem carteira assinada”, reitera Beringuy.