O crescimento exponencial do uso de plataformas de Inteligência Artificial generativa (GenAI), popularizada pelo ChatGPT, foi um dos temas centrais do AWS Summit , evento da AWS – divisão de cloud da Amazon – que reuniu cerca de 12 mil pessoas em São Paulo nesta quinta-feira (3).

A AWS – líder global no mercado de cloud corporativa – aproveitou o evento para promover o Amazon Bedrock, sua plataforma para desenvolvimento de aplicações de Inteligência Artificial. Por meio do Bedrock, desenvolvedores podem acessar modelos de IA generativa da Amazon e de outras empresas, além de integrar ferramentas da nuvem AWS com suas próprias aplicações internas.

Francessca Vasquez, VP global de Tecnologia, Soluções para o Cliente e Vendas da AWS, detalhou novidades do Amazon Bedrock no AWS Summit (Crédito:André Cardozo)

“Desinteligência Artificial” é fator de risco

Apesar de toda a badalação em volta da IA generativa e do seu potencial, executivos de TI concordam que é necessária cautela na adoção destas plataformas devido à imprecisão de algumas informações fornecidas. “Existe um grande entusiasmo pelas plataformas de GenAI, mas também existe uma responsabilidade em garantir um alto grau de precisão das informações. Há uma preocupação do mercado em atacar temas como discurso de ódio, e, como dizemos na indústria, ‘alucinações’ na geração da informação, além de questões de privacidade”, disse Francessca Vasquez, VP global de Tecnologia, Soluções para o Cliente e Vendas da AWS.

Renato Pedigoni, CTO do Grupo Boticário, afirmou que as soluções de GenAI têm potencial, mas ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento. “Vemos em testes internos que há possibilidade de aumentar a eficiência das equipes, e também de uso para melhorar a experiência de atendimento ao cliente. Estamos testando, por exemplo, aplicações de GenAI para tirar dúvidas mais comuns dos consumidores. Mas temos que incluir processos de vigilância para ter certeza de que o conteúdo que sai dessas aplicações é o esperado. Creio que ainda vai levar algum tempo para esse tipo de aplicação se tornar mais confiável”, disse.

Moisés Nascimento, CTO do Itaú, ressaltou a importância do uso ético da informação. “Sabemos que a regulamentação do setor ainda precisa avançar. Mas nós, do setor privado, temos uma grande responsabilidade quanto ao uso deste tipo de tecnologia. Creio que seriam necessárias leis para regulamentar o uso de Inteligência Artificial, mas isso não é um processo simples, por conta da sofisticação e da complexidade cada vez maiores dessa tecnologia”, observou.

Mercado disputado

Amazon, Microsoft, Google e outras companhias de tecnologia concorrem para atrair empresas e desenvolvedores para suas plataformas de cloud, e oferecer recursos para criação de soluções de GenAI vem se tornando cada vez mais importante neste mercado. “Creio que, no médio e longo prazo, essas soluções de Large Language Models (LLMs), como o ChatGPT, podem virar commodities. Há algumas opções no mercado, e o custo deve cair no longo prazo. O valor, porém, não está na solução escolhida, mas sim no que cada empresa constrói a partir dela. Para os fornecedores de infraestrutura de nuvem, o grande diferencial deve estar nas ferramentas oferecidas para facilitar o uso dessas tecnologias”, disse Pedigoni, do Boticário.

Investimento de US$ 3,8 bi no Brasil

Durante o evento, a AWS também divulgou alguns dados da operação da companhia no Brasil. Desde 2011, a empresa investiu US$ 3,8 bilhões para construir e manter seus três data centers no País, localizados no estado de São Paulo. A AWS estuda ainda a criação de uma nova instalação no Rio de Janeiro, possivelmente no próximo ano.

Segundo a empresa, esse investimento ajudou a sustentar mais de 10 mil empregos em uma base média anual entre 2011 a 2023, em cargos que incluem construção, manutenção de instalações, engenharia, telecomunicações e outros empregos em áreas que fazem parte da cadeia de suprimentos do setor de data center.