A companhia Hypera Pharma (antiga Hypermarcas) poderá trocar seu presidente executivo, Claudio Bergamo, e já sonda no mercado nomes para substituí-lo, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes próximas ao grupo. A Polícia Federal investiga se o delator Nelson Mello, ex-diretor de relações institucionais da companhia omitiu informações em seu acordo de delação premiada para proteger o maior acionista, o empresário João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Junior, e o executivo Claudio Bergamo.

Os dois foram alvos de busca e apreensão na operação Tira-Teima, deflagrada pela PF no dia 10 de abril.

Caso fique comprovada a omissão de informações, o acordo de colaboração de Mello poderá ser rescindido. A Polícia Federal foi na casa de Junior e de Bergamo em busca de novos documentos que possam acrescentar evidências no processo.

Em comunicado ao mercado na sexta-feira, após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a empresa confirmou que a ordem de busca e apreensão também ocorreu nas residências de Queiroz e Bergamo, além de dois executivos com cargos administrativos. As ações da companhia encerraram em queda de 5,6%, a R$ 33,60, a maior baixa do Ibovespa. A empresa, que foi criada para ser a “Unilever” brasileira, hoje atua somente na área farmacêutica. Nos últimos anos, após um longo processo de reestruturação de dívidas, a Hypera foi vendendo ativos de higiene e beleza e do setor de alimentos.

Embora a empresa tenha negado no dia da operação que seja alvo de investigação, a própria Hypera Pharma foi alvo de busca da Polícia Federal. Assim como no caso dos acionistas, a busca na empresa é parte da investigação que apura se houve por parte da empresa e de seus acionistas ações para esconder fatos criminosos dos investigadores. O acordo de Mello foi fechado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Delação

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A delação de Mello foi revelada, em junho de 2015, em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo o ex-diretor, a empresa teria repassado R$ 30 milhões para parlamentares do MDB por meio dos operadores Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra – os dois estão, atualmente, presos.

Os repasses teriam como finalidade garantir a atuação desses políticos em temas de interesses da empresa no Congresso.

Foi Funaro o primeiro a apontar possíveis omissões no acordo de Mello. Ele também apontou Queiroz como seu interlocutor na empresa. Ainda segundo Funaro, uma das Medidas Provisórias (MPs) pelas quais recebeu valores para atuar em favor da Hypermarcas “tinha o intuito de facilitar as transações imobiliárias de Queiroz Júnior, feitas através da empresa Stan Empreendimentos Imobiliários”.

Procurada, a Hypera não comenta o assunto. Em comunicado na sexta-feira, o grupo reiterou que, desde que tomou conhecimento dos fatos narrados pelo ex-executivo em 2016, tem adotado as providências cabíveis e que continuará colaborando com as autoridades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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