Ele se diz “orgulhoso” do filho. Até agora, o presidente americano, Joe Biden, sempre apoiou Hunter, apesar de seus problemas com a justiça e de um passado turbulento de dependência química que, somado aos negócios questionados no exterior, fazem do chefe da Casa Branca um alvo recorrente da oposição republicana.

Hunter Biden, de 53 anos, foi indiciado nesta quinta-feira (14) pela compra ilegal de uma arma de fogo. Ele é acusado de ter dado uma declaração falsa ao comprar um revólver em 2018, quando assinou um documento assegurando que não usava drogas ilícitas.

Joe Biden nunca se expressou detalhadamente sobre os problemas judiciais do filho e sempre manifestou seu amor paterno.

“O presidente e a primeira-dama amam seu filho e o apoiam no momento em que está reconstruindo sua vida”, declarou a Casa Branca em 20 de junho passado.

Processado por estes crimes, Hunter Biden também é alvo de acusações no Congresso pelo Partido Republicano, vinculadas a seu passado como homem de negócios.

Por causa destes temas, o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, determinou a abertura de um processo para tentar destituir o presidente.

– À sombra do irmão mais velho –

Joe Biden fala pouco em público sobre o filho caçula, mas costuma evocar a memória do primogênito, Beau, que, segundo o presidente, também poderia ter chegado à Casa Branca se não tivesse morrido em 2015 de um câncer no cérebro.

A vida de Hunter parece a antítese da do irmão, com quem tinha uma relação próxima, forjada desde que os dois foram vítimas, em 1972, de um grave acidente de carro que matou sua mãe, a primeira esposa de Joe Biden, e a irmã mais nova dos dois meninos.

Enquanto Beau parecia destinado a seguir uma carreira política nacional, a trajetória de Hunter como advogado e homem de negócios teve pouco destaque. Seu irmão lutou como soldado na guerra do Iraque, enquanto ele foi expulso da Marinha em 2014 por consumir cocaína.

Em seu livro autobiográfico “As coisas boas da vida” (2021), Hunter Biden relata suas bebedeiras com vodca e as perambulações pela noite suburbana em busca de drogas, as tentativas frustradas de desintoxicação e os casos efêmeros com a viúva do irmão.

A respeito do pai, escreveu: “Nunca me abandonou, nunca me ignorou, nem me julgou”. “Em alguns momentos, sua perseverança inclusive me irritava”, admitiu.

“É o papai. Estou ligando para dizer que te amo. Te amo mais que tudo no mundo, rapaz. Você precisa se tratar”. Segundo a emissora Fox News, esta teria sido uma mensagem de voz que Joe Biden deixou para o filho em 2018.

Em maio de 2023, em uma entrevista à rede MSNBC, o presidente americano declarou: “Eu confio nele, e me sinto orgulhoso dele”.

Desde o começo do ano, Biden inclusive deu mais visibilidade midiática ao filho. Hunter foi onipresente durante uma visita oficial do presidente à Irlanda em abril. Em junho, ele também apareceu vestido a rigor entre os convidados de um jantar de Estado em homenagem ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

– Ucrânia –

A direita americana acusa Hunter Biden de ter usado a influência do pai, então vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), em benefício de seus negócios no exterior, especialmente na Ucrânia.

“Nunca fiz nada contrário à ética”, afirmou Hunter Biden, antes de acrescentar: “Não voltaria a fazê-lo”.

Hoje, ele garante estar livre das drogas. Casado novamente e pai de um menino chamado Beau, assim como o irmão falecido, ele se dedica à pintura.

Mas o passado volta de vez em quando a atormentá-lo, assim como a seu pai.

Recentemente, o presidente democrata admitiu que não tinha seis, mas sete netos, ao reconhecer a existência de uma menina, fruto de um relacionamento de Hunter.

A oposição republicana denunciou imediatamente o contraste entre o silêncio de Joe Biden sobre a pequena Navy e a imagem pública de patriarca afetuoso que o chefe do Executivo cultiva.

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